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      Setor industrial apoia postura soberana do Brasil diante do tarifaço

      Indústria demonstra confiança no cenário econômico e projeta otimismo com planos de desenvolvimento sustentável

      Fórum do Desenvolvimento da ABDE - 06/08/2025 (Foto: ABDE)
      Leonardo Sobreira avatar
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      247 - A entrada em vigor das novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos nesta quarta-feira (6) foi acompanhada por uma resposta institucional do Brasil. O governo decidiu acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a medida, em um movimento que marca uma inflexão na política comercial externa.

      Diante do ataque tarifário, o País busca respaldo jurídico internacional, do capital nacional e do setor acadêmico para contestar o aumento de tarifas anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em razão da compra de petróleo russo por parte de países como o Brasil.

      A iniciativa representa uma mudança de postura nas relações bilaterais e reforça a tentativa de preservar os interesses comerciais brasileiros diante de pressões externas.

      No plano interno, o ambiente também é de confiança. Durante o evento "Fórum do Desenvolvimento da ABDE"-Associação Brasileira de Desenvolvimento, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo-FIESP, realizado nesta quarta-feira (6), dirigentes do setor industrial relataram otimismo e estabilidade.

      Mesmo diante de incertezas no comércio global, o setor produtivo demonstrou confiança na condução econômica do país e na capacidade de manter os níveis de atividade.

      A presidente da ABDE, Maria Fernanda Coelho, afirmou, na abertura do evento, que momentos de instabilidade podem servir como pontos de virada para o país. Ela lembrou que, historicamente, crises econômicas já impulsionaram transformações importantes.

      “Grandes crises podem ser momentos de virada. A crise do café, por exemplo, levou a novas parcerias. Nas adversidades, o povo brasileiro demonstra resiliência", disse.

      Segundo ela, é preciso que o país aproveite esse momento para construir uma nova proposta de desenvolvimento. Ela defendeu uma abordagem que leve em conta os desafios contemporâneos, como as mudanças climáticas e os realinhamentos geopolíticos.

      “Precisamos oferecer um novo modelo de desenvolvimento tendo em vista os desafios ambientais, políticos e geopolíticos", disse.

      A dirigente também alertou para o risco de retrocessos na pauta ambiental, ao destacar que essa agenda deve ser preservada diante de pressões econômicas.

      “A agenda ambiental não deve ser comprometida por interesses menores", disse.

      Outro ponto enfatizado pela presidente da ABDE foi a defesa da indústria nacional e da soberania do país, com políticas públicas voltadas ao financiamento produtivo por meio de instituições como o Fundo Nacional de Desenvolvimento.

      “Devemos também ter um compromisso firme com a soberania nacional e defender a indústria nacional, com o governo e o Fundo Nacional do Desenvolvimento apoiando um fundo de crédito. Grandes, pequenas e médias indústrias podem ser favorecidas", disse.

      Ela destacou ainda a importância de fortalecer projetos sustentáveis e ampliar o acesso ao crédito, principalmente ao microcrédito, como estratégia de modernização da economia.

      Ganha destaque o apoio a projetos sustentáveis e a facilitação do crédito, em especial o microcrédito. A oferta financeira deve ser acessível à indústria, voltadas à modernização.

      Nesse sentido, a presidente da ABDE enfatizou, em entrevista a jornalistas, o papel central do Sistema Nacional de Fomento (SNF)--uma rede de instituições financeiras públicas e privadas de todo o país, que promove o financiamento a setores estratégicos.

      Apesar do cenário dos juros adverso, e a instabilidade política, Maria Fernanda Coelho avalia que o país tem conseguido avançar.

      “Apesar das dificuldades o Brasil tem avançado, mesmo diante dos juros elevados e da instabilidade política", disse.

      Nesse sentido, os dirigentes exaltaram as medidas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem conduzido essa conjuntura com equilíbrio e firmeza. Ao mesmo tempo em que demonstra disposição para o diálogo e a negociação, também deixa claro que não aceitará interferências externas--principalmente aquelas com intenções golpistas, como as que vinham de Washington em apoio a Jair Bolsonaro, hoje preso em regime domiciliar.

      As articulações da extrema direita não detiveram os ânimos dos dirigentes industriais. O presidente da FIESP, Josué Gomes, apontou áreas para a possível cooperação com os EUA.

      Ao abordar o papel do SNF, o dirigente destacou que, mesmo diante de tentativas de desmonte, a indústria brasileira recuperou sua competitividade internacional graças ao apoio público ao crédito produtivo.

      "Tentaram acabar com isso, mas graças ao sistema de fomento brasileiro e seu papel fundamental, nossa indústria consegue competir no mundo. Esse sistema de fomento é inveja para o mundo todo, e devemos continuar fortalecendo esse sistema para ajudar o desenvolvimento nacional", disse.

      Josué também fez uma crítica ao movimento de desindustrialização no Ocidente, ressaltando que muitos países agora buscam reverter esse processo com medidas protecionistas--um caminho que, segundo ele, terá alto custo.

      "Sem indústria não há desenvolvimento. O Ocidente está descobrindo isso, e agora tenta recuperar isso, com a imposição de tarifas e corte de verbas para inovação. Isso custará caro [para os EUA]", disse.

      Em contraponto, ele apontou que o Brasil tem trilhado uma direção oposta, apoiando uma reindustrialização baseada em inovação, tecnologia e sustentabilidade.

      "Mas o Brasil não. Temos apoiado a reindustrialização, inovadora, digital e descarbonizada", disse.

      Gomes defendeu que a indústria de transformação seja novamente reconhecida como motor da economia nacional e que sua valorização poderá contribuir também para o enfrentamento dos problemas sociais do país.

      "Assim poderemos ter a indústria de transformação como colocomotova, que foi o que colocou o Brasil entre os países com o maior crescimento do mundo. Temos voltado os olhos para a ondústroa de transformação. Se mantivermos essa política, poderemos resolver também nossos problemas sociais e se desenvolver", disse.

      Gomes destacou ainda as parcerias com instituições para apoiar empresas de menor porte, com acesso facilitado a crédito e tecnologia. O foco, segundo ele, está tanto na digitalização quanto na sustentabilidade das empresas.

      "Destacou os esforços em conjunto com o Senai para indústrias com até 8 mi de reais de faturamento. Com apoio do BNDES e o Desenvolve SP, oferecemos custos de capital muito mais baixos do que no mercado de capitais. Apenas na jornada pela digitalização, atingimos 20 mil empresas. Para a sustentabilidade, temos a mesma meta", disse.

      Por fim, propôs que o Brasil atraia centros de processamento de dados que hoje operam nos Estados Unidos ou em outros países, aproveitando o potencial energético nacional. A ideia, segundo ele, é transformar o país em referência em digitalização verde.

      "O Brasil tem a oferecer digitalização verde. Temos energia competitiva e abundante, e verde. Nossa energia é uma das mais bárbaras do mundo e eminentemente renovável, sem falar do potencial ainda inexplorado de fontes renováveis", disse.

      O evento contou com cerca de 200 participantes: empresários, diretores, líderes de pequenas e médias indústrias, autoridades políticas, executivos de instituições financeiras (BNDES, BNB, Caixa, Finep, Desenvolve SP), entre outros.

      A ABDE, que representa o SNF, realiza anualmente o Fórum do Desenvolvimento. Há 10 anos, a ABDE promove um dos maiores espaços de diálogo entre setor público, setor privado e sociedade civil, reunindo líderes e especialistas para debater os temas mais estratégicos para o futuro do país.

      A indústria brasileira, reunida no evento de hoje, demonstrou que o Brasil reage com soberania, justiça e clareza política. O entendimento comum é que a hora é de reafirmar os princípios democráticos e mostrar ao mundo que o país não se curva a pressões nem se rende.

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