Jeffrey Sachs afirma que EUA são maior obstáculo à paz global
Economista critica hegemonia norte-americana, alerta para riscos de uma guerra mundial e defende reforma profunda da ONU
247 – O economista norte-americano Jeffrey Sachs afirmou que a política externa dos Estados Unidos é o principal entrave para a construção de um cenário de paz global. As declarações foram dadas em entrevista à CGTN. Sachs criticou a postura de hegemonia de Washington, a expansão da Otan, as sanções unilaterais e o desrespeito à diplomacia multilateral, alertando que o mundo vive sob risco real de um novo conflito de proporções globais.
“A ideologia dos EUA é de dominação ou primazia. O sistema político norte-americano se vê como o governante legítimo do mundo. Isso é ilusório e perigoso”, afirmou Sachs, ressaltando que a falta de respeito aos interesses de segurança de outras potências, como Rússia e China, alimenta tensões e impede soluções diplomáticas.
Críticas à política externa dos EUA
Sachs apontou que, desde o fim da Guerra Fria, Washington tem adotado medidas que minam a segurança internacional, como a expansão da Otan para o leste, o abandono de tratados de controle de armas nucleares e a militarização das fronteiras marítimas da China. Ele lembrou que, em 1990, os EUA prometeram ao então presidente soviético Mikhail Gorbachev que a aliança militar ocidental não avançaria “um centímetro para o leste” — promessa que, segundo ele, foi violada.
O economista também acusou os EUA de manter cerca de 750 bases militares espalhadas por 80 países e de impor sanções unilaterais a diversas nações, em desacordo com o direito internacional. Para Sachs, se o país tivesse adotado “prudência e respeito” às preocupações de segurança de outros Estados, muitas crises teriam sido evitadas.
Risco de uma nova guerra mundial
Ao comentar os conflitos na Ucrânia e em Gaza, Sachs afirmou que não é possível descartar a possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial, devido ao grande número de “pontos de faísca” e à postura de líderes “irresponsáveis” nos EUA e no Reino Unido.
“O que nos manteve fora de uma guerra foi a prudência de China e Rússia. Faltam diplomacia real e negociações que abordem as causas profundas dos conflitos, como a ampliação da Otan e a ocupação da Palestina”, disse.
Ele acusou Washington de ser cúmplice do que chamou de “genocídio em Gaza” e de ignorar as resoluções da ONU que preveem a solução de dois Estados.
Necessidade de reformar a ONU
Sachs defendeu uma reforma estrutural das Nações Unidas, que, segundo ele, “nunca foi tão necessária e tão ineficaz”. O economista propõe a criação de um financiamento próprio para o órgão, por meio de taxas globais sobre transporte marítimo, aviação, transações financeiras internacionais e emissões de carbono.
Ele também sugeriu a criação de um parlamento global que complemente a Assembleia Geral, com representação proporcional à população dos países, e a reforma do sistema de vetos no Conselho de Segurança.
“O mundo já é multipolar, mas precisamos de um multilateralismo efetivo, baseado no Estado de Direito internacional, para garantir a paz e a cooperação”, defendeu.
Caminho para o multilateralismo
Para Sachs, a transição para uma ordem mundial mais equilibrada depende de duas forças: a pressão coordenada de blocos como o BRICS, a União Africana e a ASEAN para rejeitar a hegemonia de um único país; e o fortalecimento da opinião pública norte-americana contrária às guerras.
Citando o presidente Lula, o economista lembrou: “Não precisamos de um imperador”, em referência às exigências feitas pelo atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a países como o Brasil. Assista:
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