Elias Jabbour denuncia guerra cultural contra a China em evento internacional
No Fórum China-América Latina, ele criticou preconceitos sobre o socialismo chinês e defendeu mais investimentos em soft power
247 – Oprofessor Elias Jabbour fez um contundente diagnóstico sobre a guerra cultural contra a China durante sua participação no Fórum de Mesa Redonda China-América Latina, realizado em junho deste ano por uma parceria entre o jornal chinês Global Times e o portal Brasil 247.
Jabbour destacou o caráter histórico das atuais relações sino-brasileiras e a importância do debate promovido pelo fórum. “Essa iniciativa não é qualquer coisa, é um momento histórico nas relações Brasil e China”, afirmou. Ele fez duras críticas ao papel da mídia e do aparato cultural ocidental, afirmando que “o campo da comunicação em massa tem sido uma arena em que o Norte global opera e é instrumento fundamental à manutenção do status quo e do caos enquanto método de governança do mundo”.
A China como alvo central da guerra cultural
Durante a sua intervenção, Jabbour foi enfático ao afirmar que a ofensiva dos Estados Unidos e da OTAN tem como alvo principal o projeto nacional chinês. “Somente o caos possibilita aos Estados Unidos se manterem como hegemonia mundial”, destacou. Para ele, a China representa a alternativa mais concreta ao modelo capitalista dominante. “A China representa essa universalidade do socialismo enquanto alternativa ao capitalismo”, afirmou.
Jabbour também chamou atenção para o viés midiático brasileiro, que praticamente ignora os avanços promovidos pelo modelo socialista chinês. “Nenhuma boa notícia sobre a China circula nas mídias brasileiras. A China erradicou a pobreza extrema em 2021, o que foi o maior feito da história humana, comparável à chegada do homem ao espaço, e sequer foi noticiado”, denunciou.
O preconceito acadêmico e a marginalização da pesquisa sobre a China
O economista destacou o preconceito estrutural dentro da própria academia brasileira. Segundo ele, os intelectuais acabam reforçando visões racistas e coloniais em relação à China. “Ouso dizer que a academia no Brasil ancora as visões de mundo propagadas pela mídia, reduzindo o debate público sobre a China a uma falsa dicotomia entre ditadura e democracia. Uma civilização de 5.000 anos não pode ser reduzida a isso”, disse.
Jabbour expôs também a falta de apoio institucional para o aprofundamento dos estudos sobre a China no Brasil. “Nunca recebi uma bolsa de estudos do Brasil, todos os meus pedidos foram negados. O preço que pagamos por demonstrar simpatia pela experiência chinesa é esse”, lamentou. Ele criticou ainda a falta de estratégia da própria China na relação com o Brasil: “Os chineses muitas vezes financiam pesquisadores que falam mal da China na grande mídia”.
O papel estratégico do Brasil 247 na batalha cultural
Ao abordar o papel da mídia, Jabbour destacou o Brasil 247 como uma referência alternativa ao monopólio narrativo das grandes corporações de mídia. “Essa parceria com o Brasil 247 ilumina os caminhos dos chineses em relação à realidade brasileira e latino-americana. Não é a Bandeirantes, não é a Folha de S. Paulo, não é o Globo que vão colocar em evidência o papel positivo da China no mundo”, afirmou.
Ele defendeu maior equilíbrio entre os crescentes laços comerciais entre China e Brasil e o investimento em comunicação e produção de conhecimento. “Existe uma imensa desproporção entre o volume de comércio e investimentos da China com o Brasil e o investimento em soft power e produção de conhecimento”, pontuou.
A China corre riscos no campo da influência cultural
Jabbour trouxe dados que indicam o grau de influência ocidental sobre a formação do pensamento brasileiro. “Mais de 70% dos intelectuais brasileiros na área de ciências humanas e sociais recebem algum tipo de investimento vindo de fundações europeias ou norte-americanas”, afirmou. Ele alertou que, sem enfrentar essa guerra cultural, “a China corre o risco de perder espaço, mesmo tendo o modelo mais avançado de engenharia social do mundo”.
Concluindo sua fala, o economista reforçou a necessidade de uma nova estratégia cultural por parte da China em países como o Brasil. “A manutenção dessa desproporção ao longo do tempo prejudica seriamente os interesses das relações entre Brasil e China”, finalizou.
A participação de Elias Jabbour no Fórum China-América Latina consolidou a urgência de um debate geopolítico que vá além da economia e que enfrente de maneira clara o domínio narrativo das potências ocidentais. Assista:
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