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      Global Times diz em editorial que Japão não deve fugir à responsabilidade histórica por crimes cometidos na II Guerra

      Jornal chinês alerta para retrocesso na postura pacifista japonesa

      (Foto: Global Times)
      José Reinaldo avatar
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      247 - A possibilidade de o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, deixar de emitir uma declaração oficial sobre o passado de agressão do Japão nas datas simbólicas de 15 de agosto — aniversário da rendição na Segunda Guerra Mundial — ou 2 de setembro — data da assinatura da rendição — acendeu o alerta na Ásia e repercutiu negativamente na imprensa internacional. 

      Em editorial publicado nesta segunda-feira (4), o jornal chinês Global Times criticou duramente uma tentativa de "minimizar o histórico de agressão" do Japão e alertou para o risco de um retrocesso nas bases de confiança com seus vizinhos.

      Desde a célebre "Declaração de Murayama", em 1995, tornou-se prática dos primeiros-ministros japoneses emitir pronunciamentos a cada década sobre os crimes cometidos durante o expansionismo militarista do século XX. A declaração feita à época por Tomiichi Murayama reconheceu, pela primeira vez como chefe de governo, o "domínio colonial e a agressão" promovidos pelo Japão, e expressou "profundo remorso" e "sincero pedido de desculpas". 

      Vinte anos depois, mesmo com um viés revisionista, o então primeiro-ministro Shinzo Abe manteve o hábito institucional de se pronunciar na ocasião do 70º aniversário da rendição. Para o Global Times, essas declarações são fundamentais para avaliar o compromisso do Japão com a paz e a justiça internacional: “Esses documentos constituem a pedra angular da reconstrução da confiança entre o Japão e seus vizinhos asiáticos, servindo como um teste decisivo para a comunidade internacional”, argumenta o editorial.

      O texto também destaca que, ao longo das últimas décadas, o processo de reintegração do Japão ao cenário internacional esteve condicionado a um princípio básico: o reconhecimento claro de sua responsabilidade histórica e o compromisso com a paz. Abandonar essa trajetória, segundo o jornal chinês, significa “não apenas um insulto aos países que sofreram agressões, mas também a renúncia à autorredenção do próprio Japão”. 

      A crítica se estende também à revisão em curso na política de segurança japonesa. O país tem promovido, nos últimos anos, mudanças estruturais em sua Constituição pacifista, ampliando os gastos com defesa, adquirindo armamentos ofensivos e autorizando ações de autodefesa coletiva. Tais medidas são vistas por analistas como um rompimento com o compromisso assumido no pós-guerra de se manter uma nação pacífica. O Global Times adverte: “Esses acontecimentos geraram sérias preocupações entre os próprios cidadãos japoneses, seus países vizinhos e a comunidade internacional, constituindo uma séria provocação à vitória da Guerra Mundial Antifascista e à ordem internacional do pós-guerra”. 

      A ausência de um novo pronunciamento oficial por parte de Ishiba, ainda em avaliação, é lida pelo jornal como “um sinal inquietante” sobre a direção que o país pode tomar. “Estará o Japão preparado para abandonar seu compromisso de longa data do pós-guerra de ser uma ‘nação pacífica’ baseada na reflexão histórica?”, questiona o texto.

      Por fim, o editorial reafirma que enfrentar honestamente o passado é pré-requisito para a estabilidade regional. “Abordar adequadamente as questões históricas é um fundamento político para relações estáveis entre China e Japão”, afirma o Global Times, acrescentando que, neste 80º aniversário da vitória antifascista, o Japão “não deve continuar a se eximir de responsabilidades sob o sequestro das forças de direita, mas, em vez disso, enfrentar corajosamente sua história”.

      A expectativa internacional agora recai sobre a decisão final de Shigeru Ishiba. Qualquer sinal de recuo poderá comprometer ainda mais a frágil confiança construída com seus vizinhos e reacender memórias que, para muitos, ainda permanecem dolorosamente vivas.

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