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Fujian: China estreia o primeiro porta-aviões equipado com catapultas eletromagnéticas

Navio de 80 mil toneladas que simboliza o avanço tecnológico e a expansão da Marinha chinesa no cenário global

Xi Jinping no lançamento do porta-aviões Fujian (Foto: Xinhua)

247 – A China deu mais um passo decisivo em sua modernização militar ao incorporar oficialmente o porta-aviões Fujian, o primeiro do país equipado com catapultas eletromagnéticas. O navio foi comissionado na última quarta-feira (5) em cerimônia solene realizada em Sanya, província de Hainan, com a presença do presidente Xi Jinping, segundo informou a agência estatal Xinhua e o jornal Global Times, que noticiou o evento nesta sexta-feira (7).

Com o Fujian, a China entra oficialmente na era dos três porta-aviões, ao lado do Liaoning e do Shandong, consolidando sua posição como uma potência naval de alcance global. A cerimônia contou com cerca de 2 mil representantes da Marinha e das instituições envolvidas na construção do navio, de acordo com a Xinhua.

Xi Jinping lidera cerimônia e inspeciona o Fujian

Durante o evento, o presidente Xi Jinping, também secretário-geral do Partido Comunista e presidente da Comissão Militar Central, entregou a bandeira da Marinha do Exército de Libertação Popular (ELP) ao capitão e ao comissário político do Fujian. Em seguida, Xi subiu a bordo do navio para inspecionar as instalações e conversar com pilotos e oficiais.

No convés, estavam expostos os mais modernos aviões de combate navais chineses, como os caças J-35 e J-15T, além da aeronave de alerta aéreo antecipado KJ-600. Xi encorajou os pilotos a “continuarem aprimorando suas habilidades e contribuindo para o fortalecimento da capacidade de combate do Fujian”.

Segundo a Xinhua, a adoção do sistema de catapultas eletromagnéticas foi uma decisão pessoal de Xi Jinping, que também visitou a área de controle do sistema para acompanhar os procedimentos operacionais. Ele inspecionou ainda as instalações de convivência da tripulação, incluindo refeitórios e camarotes, simbolizando sua atenção às condições de vida dos marinheiros.

Avanço tecnológico e novo patamar para a Marinha chinesa

O Fujian, lançado em junho de 2022, marca um salto tecnológico significativo para a Marinha chinesa. Diferente dos dois primeiros porta-aviões, que utilizam rampas de decolagem do tipo “ski jump”, o novo navio usa catapultas eletromagnéticas, tecnologia semelhante à aplicada em porta-aviões norte-americanos de última geração.

De acordo com o especialista militar Zhang Junshe, ouvido pelo Global Times, o Fujian representa “a transformação da Marinha chinesa de uma defesa costeira para uma defesa em mar aberto”. Ele destacou três avanços principais:

  •  Decolagens com carga total de combustível e armamento, aumentando o raio de combate e o poder ofensivo das aeronaves.
  •  Maior taxa de operações aéreas, graças à eficiência das catapultas eletromagnéticas.
  •  Criação de um sistema de combate em mar aberto, integrando defesa e ataque com o apoio do KJ-600.

Com deslocamento total de mais de 80 mil toneladas, o Fujian supera amplamente seus antecessores e reforça a presença da China nas rotas marítimas estratégicas do Pacífico e do Oceano Índico.

Treinamentos e capacidade operacional

Em setembro, a Marinha chinesa anunciou que o Fujian havia concluído com sucesso o primeiro treinamento de decolagem assistida por catapulta e pouso com parada envolvendo os caças J-15T e J-35, além do KJ-600. O avanço confirma o progresso da integração entre as novas aeronaves e o sistema eletromagnético do porta-aviões.

O também analista militar Song Zhongping afirmou ao Global Times que o Fujian representa “a nova geração de porta-aviões chineses”, capaz de competir em igualdade tecnológica com as maiores frotas do mundo. Ele ressaltou, no entanto, que “os verdadeiros testes virão na preparação para o combate real e confrontos simulados”, que definirão o desempenho estratégico da embarcação.

Implicações estratégicas e expansão futura

Assim como o Shandong, o Fujian foi comissionado no porto de Sanya, no sul do país, voltado para o Mar do Sul da China, região de intensa disputa geopolítica. Segundo Zhang Junshe, a presença simultânea de dois porta-aviões no mesmo porto permitirá à China formar grupos navais de duplo porta-aviões, aumentando sua capacidade de dissuasão e defesa em águas profundas.

“O comissionamento do Fujian torna possível a implantação de dois porta-aviões na Frota do Sul da Marinha do ELP, o que terá efeito estratégico de dissuasão sobre as forças secessionistas de ‘independência de Taiwan’ e países com intenções hostis contra a China”, disse Zhang.

Os especialistas também observam que, com três porta-aviões, a China atinge o mínimo necessário para manter uma força operacional permanente — um navio em manutenção, outro em treinamento e um em missão ativa.

Quando questionado sobre relatos de que o quarto porta-aviões chinês, supostamente o primeiro de propulsão nuclear, estaria em construção no estaleiro de Dalian, o porta-voz do Ministério da Defesa, Zhang Xiaogang, afirmou ao Global Times que não tinha informações específicas, mas destacou que “o desenvolvimento de porta-aviões na China segue as necessidades de segurança nacional e o avanço tecnológico do país”.

Um marco histórico para a defesa e o prestígio da China

A incorporação do Fujian simboliza o amadurecimento industrial e militar da China. Com ele, o país consolida sua posição entre as maiores potências navais do mundo, ao lado dos Estados Unidos, que também possuem porta-aviões com catapultas eletromagnéticas.

Mais do que um avanço técnico, o Fujian reflete a ambição chinesa de projetar poder marítimo e proteger seus interesses estratégicos globais — sempre sob o discurso de “defesa nacional e manutenção da estabilidade regional”, conforme reiteram as autoridades do país.

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