Parceria entre Brasil 247 e Global Times

HOME > Global Times

Embaixada da China rebate relatório de republicanos dos EUA sobre cooperação científica e o chama de infundado

Documento acusa universidades chinesas de explorar parcerias financiadas pelo Pentágono, mas Pequim afirma que se trata de mais uma manipulação

As bandeiras dos EUA e da China são vistas nesta ilustração (Foto: REUTERS/Dado Ruvic)

247 – A Embaixada da China em Washington classificou como “infundado” um relatório divulgado por parlamentares republicanos da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, que acusa projetos financiados pelo Pentágono em colaboração com universidades e institutos chineses de favorecerem ganhos militares de Pequim. A informação foi publicada pela agência Associated Press (AP) e repercutida pelo jornal Global Times.

Segundo a AP, o relatório, apresentado na sexta-feira (5), sustenta que, ao longo de dois anos recentes, o Pentágono financiou centenas de pesquisas conduzidas em parceria com universidades na China e institutos ligados à indústria de defesa chinesa — muitos deles incluídos em listas negras do governo dos EUA por suposta ligação com o Exército chinês. O documento alega que esses projetos teriam permitido à China explorar colaborações científicas para obter vantagens tecnológicas e militares, num contexto de disputa entre as duas potências no campo da inovação e do armamento.

Em resposta, a Embaixada chinesa afirmou que rejeita as acusações. “Chamamos o relatório de infundado. Nós nos opomos a ele”, declarou em nota, citada pela AP.

Cooperação científica sob ataque

A polêmica surge meses após a renovação do acordo de cooperação em ciência e tecnologia entre os dois países. Em 16 de dezembro de 2024, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, afirmou que a parceria científica “beneficia ambos os lados” e que sua continuidade demonstra a relevância do intercâmbio.

Para especialistas, o relatório republicano revela mais uma tentativa de enfraquecer essa colaboração. Lü Xiang, pesquisador da Academia Chinesa de Ciências Sociais, disse ao Global Times que a atitude de certos políticos norte-americanos cria um “ambiente negativo para a cooperação científica normal entre China e EUA”. Ele acrescentou: “No estado atual de desconfiança, até mesmo colaborações educacionais comuns são vistas como apoio à indústria militar chinesa”.

Estratégia de difamação

O especialista também criticou duramente as acusações contidas no relatório. “Trata-se de um documento mesquinho, malicioso e de mentalidade estreita”, afirmou. Para ele, ao insinuar que avanços da indústria de defesa da China só seriam possíveis com base em tecnologia dos EUA, o relatório “busca diminuir a capacidade tecnológica chinesa”.

Segundo analistas consultados pelo Global Times, esse tipo de narrativa faz parte de uma estratégia recorrente de políticos norte-americanos para difamar a China e conter seu desenvolvimento tecnológico. “Devemos reconhecer que isso representa uma tática comum usada por certos políticos dos EUA para difamar a China”, advertiu o pesquisador.

Enquanto o Pentágono não respondeu ao pedido de comentários feito pela AP, a posição de Pequim reforça o discurso de que a cooperação científica deve ser preservada, apesar das tensões políticas e estratégicas que marcam a relação entre as duas maiores economias do mundo.

Artigos Relacionados

Carregando anúncios...