Em editorial, Global Times defende inteligência artificial de código aberto
Jornal chinês critica modelo hierárquico dos EUA e exalta abordagem inclusiva da China no desenvolvimento da tecnologia
247 – O jornal Global Times publicou nesta quarta-feira (7) um editorial no qual defende a inteligência artificial de código aberto como modelo estratégico para o futuro da tecnologia. O texto contrasta as abordagens de China e Estados Unidos no setor, ressaltando diferenças profundas entre as filosofias de desenvolvimento adotadas pelos dois países. A publicação foi motivada pelo lançamento de dois modelos de linguagem abertos pela OpenAI, na terça-feira (6), fato que reacendeu os debates sobre liderança global na área de IA.
Segundo o editorial, publicado originalmente pelo Global Times, a decisão da OpenAI foi vista por diversos analistas internacionais como uma resposta direta ao avanço da concorrência chinesa, especialmente da DeepSeek — empresa que tem ganhado espaço no mercado global ao oferecer modelos de alta performance com custos de inferência reduzidos.
Para o jornal chinês, a recente pressa do governo norte-americano em intensificar sua atuação global no campo da IA, por meio de medidas políticas e diplomáticas, revela uma “ansiedade estratégica”. O texto argumenta que os Estados Unidos, ao mesmo tempo em que promovem a ideia de “abertura” tecnológica, classificam iniciativas chinesas como ameaças à segurança nacional, evidenciando contradições de fundo geopolítico.
Um exemplo citado é a carta enviada por sete senadores republicanos ao Departamento de Comércio dos EUA, no mesmo dia do anúncio da OpenAI, solicitando investigações sobre eventuais vulnerabilidades de segurança em modelos chineses de código aberto, como o DeepSeek. Para o Global Times, esse tipo de ação revela mais preocupação com a perda de influência tecnológica do que com riscos reais à segurança.
Enquanto isso, a China segue construindo seu ecossistema de IA com foco em colaboração e benefício público. O editorial destaca a recente decisão da Huawei de liberar o código da estrutura CANN (Ascend AI hardware enablement framework), além do lançamento da Iniciativa Internacional de Cooperação em IA de Código Aberto e da criação do Centro de Governança da Inovação Global em IA, ambos apresentados na Conferência Mundial de Inteligência Artificial de 2025, encerrada em Xangai.
O texto argumenta que a noção de “abertura” varia de acordo com a filosofia de cada país. No caso dos EUA, diz o jornal, trata-se de uma abertura orientada ao mercado — exportar tecnologias, atrair talentos e expandir a influência das grandes empresas do setor. “Esse modelo hierárquico se baseia na lógica de ‘nós lideramos, vocês adotam’”, critica o editorial.
Já a abordagem chinesa seria, segundo o jornal, mais inclusiva, voltada ao desenvolvimento conjunto de capacidades, ao compartilhamento técnico e à formação de ecossistemas diversos e cooperativos. “A China defende o princípio de ‘IA para o bem’, buscando transformá-la em um bem público global, acessível a todos os países e não apenas a algumas potências ou conglomerados tecnológicos”, afirma o texto.
Para o Global Times, a disputa entre China e Estados Unidos vai além da tecnologia. É um confronto entre duas visões de mundo: uma centralizadora e monopolista, e outra aberta e colaborativa. “A versão de ‘abertura’ que melhor refletir o espírito do nosso tempo será determinada por desenvolvedores, usuários e formuladores de políticas ao redor do mundo”, conclui o editorial.
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