China reforça importância de comemorar vitória contra agressão japonesa, diz editorial do Global Times
Editorial alerta para revisionismo histórico que ameaça a paz regional
247 – Um editorial publicado pelo jornal chinês Global Times criticou duramente a suposta tentativa do governo japonês de pressionar outros países a não participarem do desfile militar e dos eventos que a China organizará em 3 de setembro, em Pequim, para marcar os 80 anos da vitória na Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa e da Segunda Guerra Mundial. A denúncia foi inicialmente feita pela agência japonesa Kyodo News, que citou “fontes diplomáticas” para afirmar que o Japão estaria atuando por meio de embaixadas e canais diplomáticos a fim de desencorajar a presença de líderes estrangeiros.
Segundo o editorial, essa movimentação de Tóquio “expõe a visão seriamente equivocada do Japão sobre a história da Segunda Guerra Mundial” e representa uma “provocação contra a justiça histórica e a ordem internacional do pós-guerra”. Para o jornal chinês, trata-se também de “um atentado deliberado contra os fundamentos da paz na Ásia e no mundo” e uma afronta às nações que sofreram com o militarismo japonês.
O significado da comemoração chinesa
A China realizará no dia 3 de setembro, na Praça Tian’anmen, uma grande cerimônia para lembrar os 14 anos de luta do povo chinês contra a agressão japonesa. O objetivo, afirma o editorial, é “guardar a memória da história, homenagear os que sacrificaram suas vidas, valorizar a paz e abrir o futuro”.
O texto lembra que a resistência chinesa custou milhões de vidas e desempenhou papel decisivo na vitória contra o fascismo. Nesse contexto, “é irrepreensível que a China organize atividades comemorativas” e “não cabe ao país responsável pela agressão da época fazer comentários irresponsáveis”.
Revisionismo e manipulação histórica
O Global Times classificou como “falácia enganosa” o argumento de que os eventos chineses teriam “tons anti-japoneses”. Segundo o editorial, essa linha de raciocínio é típica da extrema-direita japonesa, que insiste em confundir militarismo com o povo japonês. “Na realidade, tanto o povo chinês quanto o japonês foram vítimas do militarismo japonês”, destaca o texto.
O editorial compara a situação com a Alemanha, que enfrentou seu passado de forma aberta e reflexiva. Ex-chanceleres como Willy Brandt, Helmut Kohl, Gerhard Schröder e Angela Merkel participaram de atos de memória ao lado de países vítimas do nazismo, conquistando respeito internacional. O Japão, em contraste, “raramente comemora a guerra junto a países como China e Coreia do Sul, enviando sinais contraditórios e reforçando uma diplomacia ansiosa com a história”.
Ameaça à paz regional
Para o jornal chinês, a postura de Tóquio se soma à atual expansão militar promovida pelo governo japonês, que busca se desvincular das restrições do sistema do pós-guerra e adota uma diplomacia que estimula tensões regionais. “A ausência de reflexão profunda sobre os crimes de agressão transformou-se em um obstáculo sério à unidade da Ásia Oriental e em uma ameaça à estabilidade regional”, alerta o editorial.
A memória como dever moral
O texto conclui que o revisionismo histórico japonês reforça ainda mais a importância da parada militar chinesa: “Comemorar é tanto uma defesa da história quanto um dever moral”. Para o Global Times, a China envia uma mensagem clara ao mundo: a ordem do pós-guerra foi conquistada a duras penas e não deve ser esquecida, tampouco distorcida.
“Qualquer tentativa de manipular ou reescrever a história está fadada ao fracasso”, afirma o editorial, ao pedir que o Japão adote uma postura responsável e de respeito à memória da Segunda Guerra Mundial.