Nova regra pode empurrar beneficiários de programas sociais para o mercado ilegal de apostas, alerta pesquisa
Estudo mostra que 45% dos apostadores com benefícios pretendem migrar para sites clandestinos diante da proibição
247 – Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (27) pela Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL) aponta que a decisão do governo federal de impedir beneficiários de programas sociais de utilizarem plataformas de apostas esportivas pode gerar o efeito inverso ao esperado: fortalecer o mercado clandestino. O levantamento foi revelado pelo portal BNLData.
Segundo o estudo, realizado pela consultoria Cruz Consulting entre os dias 15 e 18 de outubro, 45% dos beneficiários afirmaram que pretendem migrar para sites ilegais para continuar apostando caso a proibição entre em vigor. A medida está prevista para começar no dia 1º de novembro.
Perfil dos apostadores e impacto da proibição
A pesquisa foi feita exclusivamente com beneficiários de programas sociais e traçou um panorama detalhado desse público. A maioria dos jogadores — cerca de 70% — é composta por homens, e a principal faixa etária está entre 25 e 34 anos (40,8%).
Para a ANJL, os dados representam um alerta ao governo federal, pois a proibição pode fortalecer ainda mais a indústria ilegal de apostas, que já corresponde a aproximadamente 60% do mercado no país.
“Proibir não resolve. Não é efetivo, além de incentivar o fortalecimento dos sites clandestinos, que são, atualmente, o grande problema a ser resolvido pelo governo federal. São 80 empresas reguladas pelo Ministério da Fazenda que operam de forma transparente e regulada e outros milhares que funcionam sem autorização e livremente. O caminho mais eficaz é a educação e o uso de ferramentas tecnológicas que garantam o jogo responsável”, declarou o presidente da ANJL, Plínio Lemos Jorge.
Regulação tem apoio da maioria dos beneficiários
O levantamento também mostrou que 73,4% dos entrevistados apoiam a regulação do setor de apostas pelo governo federal. Segundo a entidade, o bloqueio automático dos CPFs de beneficiários do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) deve acabar empurrando esse público para plataformas não regulamentadas, com risco maior de fraude e lavagem de dinheiro.
A divulgação da pesquisa ocorreu um mês após a ANJL enviar uma Nota Técnica à Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), do Ministério da Fazenda, alertando para os riscos da migração de apostadores beneficiários para o mercado ilegal.
No documento, a associação recordou que o Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgar as Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) 7721 e 7723, proibiu apenas o uso dos valores dos benefícios sociais em apostas, e não o ato de apostar com outros recursos.
A ANJL defende que, em vez de proibições amplas, o governo adote medidas educativas e tecnológicas para assegurar o jogo responsável e combater efetivamente o mercado clandestino.


