Campanha com Sydney Sweeney vira alvo de críticas e acusações de eugenia e objetificação
Propaganda da American Eagle mistura sensualidade e trocadilhos sobre genética, gerando acusações de racismo e machismo nas redes sociais
247 - Uma campanha publicitária da marca de moda American Eagle, estrelada pela atriz Sydney Sweeney, tem sido duramente criticada por internautas e especialistas por supostamente promover mensagens com teor eugenista, racista e machista. A polêmica, que ganhou tração nas redes sociais, foi destacada pelo g1 e gira em torno de um trocadilho entre os termos “jeans” (calça jeans) e “genes” (genes genéticos), ambos com pronúncia semelhante no inglês.
A peça publicitária, lançada na semana passada, exibe Sweeney em imagens altamente sensualizadas, com closes em seu corpo e falas que exaltam suas características físicas — como olhos azuis, cabelos loiros e corpo escultural. Embora a atriz tenha 27 anos, muitos enxergaram ecos de campanhas controversas dos anos 1980, como a da Calvin Klein com Brooke Shields, que foi acusada de sexualização infantil. Dessa vez, no entanto, as críticas apontam para um agravante contemporâneo: a associação direta a ideais eugenistas.
“Meus genes são azuis”: beleza ou supremacia? - No vídeo, Sydney afirma: “os genes são passados de pais para filhos, muitas vezes determinando características como cor do cabelo, personalidade e até mesmo a cor dos olhos. Meus genes são azuis”. Em seguida, a locução conclui: “Ela tem um jeans ótimo”. O jogo de palavras entre "jeans" e "genes" sugere que a atriz não apenas veste bem o produto, como também teria uma genética admirável — ideia que esbarra em uma perigosa idealização e superioridade de tipos físicos.
Essa construção estética foi relacionada a ideologias de eugenia, uma teoria pseudocientífica que ganhou força no início do século XX e que sustentou, por exemplo, o regime nazista ao propagar a noção de que apenas pessoas brancas, com olhos claros e sem deficiências físicas ou mentais, deveriam reproduzir. A frase “meus genes são azuis” também foi vinculada à expressão “sangue azul”, historicamente usada para exaltar a nobreza branca europeia.
Objetificação - Outro alvo de indignação foi o grau de erotização de Sweeney nas imagens da campanha. Com foco insistente nos seios, quadris e expressões faciais provocativas, a atriz aparece como objeto de desejo, enquanto sua trajetória profissional é secundarizada. Usuários nas redes sociais acusaram a American Eagle de tratar o corpo da atriz como mercadoria para alavancar vendas.
A crítica ganha contornos ainda mais incisivos diante da proposta “socialmente engajada” da campanha. A marca afirma que 100% do valor arrecadado com o modelo “The Sydney Jean” será doado à organização Crisis Text Line, voltada à saúde mental e prevenção da violência doméstica — uma causa com a qual Sydney se declara comprometida. A suposta contradição entre a causa defendida e a estética publicitária usada levou internautas a classificarem a ação como hipócrita.
Reações nas redes e impacto comercial - A repercussão negativa não impediu que a campanha tivesse impacto positivo nas vendas. Segundo informações da revista americana Vanity Fair, a receita da American Eagle cresceu cerca de 10%, atingindo a marca de US$ 200 milhões em faturamento após o lançamento do comercial.
A cantora Doja Cat e a comediante Caroline Baniewicz ironizaram a campanha em vídeos nas redes sociais, com amplo engajamento — o vídeo de Doja Cat, no TikTok, já soma mais de 3,3 milhões de curtidas.
Apesar das críticas públicas, nem a atriz Sydney Sweeney nem a marca American Eagle se manifestaram oficialmente sobre a controvérsia até o momento.
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