HOME > Esporte

Estudo da LCA aponta que setor de apostas injeta R$ 28 bilhões na economia e alavanca o futebol brasileiro

Após a regulamentação pelo governo federal, setor já emprega mais de 15 mil pessoas no País

O jogo entre as equipes da SE Palmeiras e CR Flamengo, durante partida válida pela décima rodada, do Campeonato Brasileiro, Série A, na arena Allianz Parque. (Foto: Cesar Greco/Palmeiras/by Canon)

247 – Um estudo divulgado em novembro de 2025 pela LCA Consultores, em parceria com o Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) e a Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), revela o impacto econômico do mercado de apostas de quota fixa no Brasil. O levantamento mostra que o setor, agora regulamentado, tornou-se um importante motor de geração de empregos, arrecadação tributária e investimento esportivo.

A transformação teve início com a Lei nº 14.790/23, que regulamentou as apostas esportivas, e foi consolidada com a criação da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), em 2024. Desde janeiro de 2025, as novas regras exigem que apenas empresas com licenças oficiais e domínio “.bet.br” operem no país, com pelo menos 20% do capital nacional e mecanismos de identificação e fiscalização rigorosos para proteger os consumidores.

Investimentos bilionários e impacto econômico

Segundo o estudo, o setor já aportou R$ 7,5 bilhões em capital social, com um efeito multiplicador que pode movimentar até R$ 28 bilhões na economia nacional. Cada real investido por operadoras de apostas gera, em média, R$ 3,74 em demanda adicional em outros setores, conforme o modelo de insumo-produto desenvolvido com base nas Contas Nacionais do IBGE.

Atualmente, há 82 empresas ativas e 193 marcas autorizadas, com São Paulo concentrando mais da metade das sedes do setor. Estados como Pernambuco, Paraíba, Minas Gerais e Rio Grande do Sul também se consolidam como polos regionais de operação e tecnologia.

Geração de empregos qualificados e renda acima da média

A regulamentação impulsionou o mercado de trabalho e formalizou milhares de empregos. O setor já emprega 15,5 mil pessoas, sendo 10 mil vagas diretas e 5,5 mil indiretas. Cerca de 47% dos empregos diretos são ocupados por profissionais qualificados em tecnologia da informação, segurança cibernética, compliance, jurídico e marketing.

Os salários são significativamente superiores à média nacional: trabalhadores contratados recebem R$ 7 mil em média, enquanto terceirizados ganham R$ 4 mil, contra R$ 3,2 mil no restante da economia. Além disso, 78,8% dos vínculos têm ensino superior completo ou incompleto, o dobro da média nacional.

A massa salarial anual soma R$ 460 milhões, com R$ 87 milhões em encargos sociais, como INSS e FGTS. O efeito multiplicador da renda pode gerar R$ 1 bilhão adicionais na economia, segundo cálculos da LCA Consultores.

Arrecadação tributária e destinação social

O mercado legal de apostas tornou-se uma nova fonte de arrecadação para o governo federal e os municípios. A arrecadação total prevista para 2025 é de R$ 9 bilhões, distribuídos entre R$ 1,7 bilhão em IRPJ e CSLL, R$ 2,1 bilhões em PIS e COFINS, R$ 100 milhões em ISS e R$ 128 milhões em taxas de fiscalização.

A Contribuição Obrigatória sobre o GGR (Gross Gaming Revenue), fixada em 12% do faturamento bruto, deve gerar R$ 4,4 bilhões neste ano. Os recursos são direcionados para esporte (R$ 1,6 bilhão), turismo (R$ 1,2 bilhão), segurança pública (R$ 590 milhões), seguridade social e educação (R$ 433 milhões cada) e saúde (R$ 43 milhões).

O impacto no futebol brasileiro

O estudo destaca o papel das operadoras de apostas no fortalecimento financeiro do futebol nacional. Em 2025, 18 dos 20 clubes da Série A possuem patrocínio master de casas de apostas, somando R$ 1,1 bilhão em contratos — quatro vezes mais do que no início da década.

Entre os maiores acordos estão Flamengo (R$ 268,5 milhões), São Paulo (R$ 113 milhões), Corinthians (R$ 103 milhões) e Palmeiras (R$ 100 milhões). Segundo o relatório, 11 dos 20 clubes da elite recebem mais com patrocínios de apostas do que ganhariam sendo campeões brasileiros, o que demonstra a centralidade do setor para a sustentabilidade do futebol no país.

O estudo da LCA Consultores, em parceria com o IBJR e a ANJL, conclui que o mercado de apostas de quota fixa tornou-se um pilar relevante da economia brasileira, combinando investimento privado, geração de renda, arrecadação pública e apoio ao esporte. Confira, abaixo, a pesquisa completa:

Artigos Relacionados