“Trump está usando o Brasil como alvo político por causa do protagonismo do Brics”, diz José Reinaldo
Editor do Brasil 247 afirma que sanções dos EUA visam frear protagonismo de Lula e inserção do país no multilateralismo global
247- Durante sua participação no programa Boa Noite 247, o jornalista e editor internacional do Brasil 247, José Reinaldo Carvalho, analisou a ofensiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil. Para o jornalista, a decisão de abrir uma investigação comercial e ameaçar o país com sanções tarifárias não é apenas uma medida de proteção econômica, mas parte de uma estratégia política mais ampla que busca retaliar o protagonismo recente do Brasil no cenário global, em especial no âmbito do Brics.
“O Trump está usando o Brasil como alvo político por causa do protagonismo do Brics, do protagonismo do Lula, do papel que o Brasil vem desempenhando no mundo”, afirmou José Reinaldo. Segundo ele, a escalada de acusações por parte de Washington, que incluem desde o uso do Pix até o desmatamento ilegal e o comércio popular na região da 25 de Março, em São Paulo, revela uma tentativa de construir um pretexto para uma política de retaliação mais ampla.
Um combo de sanções políticas e guerra comercial
José Reinaldo destacou que, apesar do anúncio de uma investigação formal com viés comercial, o pano de fundo da medida é claramente político. “Esse tema da investigação comercial, que é de fato a única medida estritamente comercial, veio depois. Veio muito depois. Veio como uma espécie de válvula de escape, de tentativa de disfarçar o caráter político das sanções anunciadas no dia 9”, explicou.
Para o jornalista, o episódio é mais um capítulo de uma ofensiva dos EUA na chamada guerra comercial global. “O Brasil agora foi atraído para esse vórtice dessa guerra. É um combo de sanção política com tentativa de trazer o Brasil para o leito da guerra comercial global”, disse.
Alvo da OTAN e extraterritorialidade
A entrada da OTAN no debate também foi interpretada por José Reinaldo como parte de um esforço para pressionar economicamente países que mantêm relações comerciais com a Rússia. “O Brasil entrou na linha de tiro do braço armado do imperialismo, que é a OTAN”, declarou.
Ele criticou a acusação da organização militar contra o Brasil, China e Índia por manterem comércio com a Rússia, lembrando que as sanções aplicadas àquele país não têm respaldo da ONU. “São sanções unilaterais dos Estados Unidos e da União Europeia. A Rússia não está sancionada por nenhuma resolução internacional”, frisou.
Brasil deve organizar resposta estratégica
Sobre os caminhos a seguir, José Reinaldo defendeu uma ação coordenada e multissetorial do governo brasileiro para enfrentar as ameaças. “É preciso instalar uma câmara multissetorial no Brasil para escrutinar cada um dos setores apontados como vulnerabilidades”, sugeriu. Ele também ressaltou a importância de “nos municiar de argumentos sólidos para refutar as acusações”.
O jornalista reconheceu que ainda não é possível prever se as medidas anunciadas por Trump entrarão efetivamente em vigor no prazo estipulado. “Pode haver algum nível de moderação ou adiamento. Há fatores internos nos EUA que pesam contra essa decisão, como a posição da Câmara de Comércio americana, que protestou duramente contra as sanções”, observou.
O papel do vice-presidente e a disposição para diálogo
José Reinaldo elogiou a atuação do vice-presidente Geraldo Alckmin à frente do comitê criado pelo presidente Lula para enfrentar a crise tarifária. “Ele está se conduzindo bem, já deu respostas cabais”, disse, citando as declarações de Alckmin sobre os esforços do Brasil no combate ao contrabando e na redução do desmatamento.
Para o editor do Brasil 247, o Brasil está aberto ao diálogo. “Se os EUA quiserem oferecer alguma parceria tecnológica ou investigativa, os organismos policiais e judiciais brasileiros estão à disposição, desde que isso seja vantajoso ao país”, declarou.
Protagonismo do Brics e reação dos EUA
Segundo José Reinaldo, a animosidade de Trump contra o Brasil está diretamente ligada à influência crescente do grupo Brics no cenário internacional. “Tudo começou com o problema do protagonismo do Brics. Ele fez declarações de fúria e disse: ‘os países do Brics todos vão sofrer sanções dos Estados Unidos. Eu não admito isso’”, recordou.
Para ele, o Brics se consolidou como um agente do multilateralismo e da multipolaridade global. “O grupo está se transformando num vetor do multilateralismo como método por excelência da política externa”, afirmou. Assista:
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