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"Sem Bolsonaro, direita perde seu principal ativo eleitoral para 2026", diz Marcos Coimbra

À TV 247, sociólogo afirma que a provável condenação de Bolsonaro desorganiza a extrema direita e fragiliza suas chances contra Lula na próxima eleição

Marcos Coimbra (Foto: Reprodução | Adriano Machado/Reuters)
Guilherme Levorato avatar
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247 - Em entrevista ao programa Forças do Brasil, da TV 247, o sociólogo Marcos Coimbra, presidente do Instituto Vox Populi, analisou os efeitos do julgamento da tentativa de golpe de Estado liderada por Jair Bolsonaro (PL). Segundo Coimbra, a provável condenação do ex-presidente representará um ponto de inflexão no quadro político nacional, com implicações estruturais para a direita brasileira. “É claro que esse julgamento impacta o bolsonarismo”, afirmou.

Para ele, a inelegibilidade de Bolsonaro obriga a reorganização da oposição e desmonta o projeto de reeleição indireta por meio de um nome forte. “Sem Bolsonaro, a direita perde seu principal ativo eleitoral para 2026”.

Desorganização estratégica da direita - A ausência de Bolsonaro na disputa presidencial impõe uma mudança abrupta no campo da direita. Coimbra destaca que, até então, havia a esperança de reverter sua inelegibilidade. “A direita vai ter que abrir mão desse projeto de anistiar o Bolsonaro e tê-lo como candidato”, disse. Com a inevitabilidade da condenação, o cenário muda. “O ‘melhor’ nome da direita não vai disputar”.

Ele lembra ainda que, da mesma forma que a prisão injusta do presidente Lula (PT) em 2018 abriu espaço para a ascensão de Bolsonaro, a condenação de Bolsonaro em 2025 desmonta a narrativa que sustentava sua popularidade. “O que viabilizou a candidatura do Bolsonaro foi a prisão do Lula. Agora, a direita perde esse contraste que explorava com tanta eficácia”.

Interesse político limitado e impacto restrito - Coimbra também observa que, apesar da importância do julgamento, o interesse popular pelo tema é reduzido. “Mais da metade da população não tem nenhum interesse por política”, explicou. Apenas quando a condenação se tornar um fato concreto, avalia ele, é que parte da população tomará ciência e poderá reagir politicamente.

Para ele, o impacto eleitoral será limitado a curto prazo, mas inescapável a médio. “Hoje, muita gente nem sabe que houve o interrogatório. Mas quando sair a condenação, isso vai se tornar um dado concreto da realidade”, afirmou.

Falta de nomes fortes e manipulação das pesquisas - Ao discutir os possíveis nomes que podem emergir na direita, o sociólogo criticou a tentativa de construir artificialmente candidaturas como a do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). “Todas as pesquisas que eu conheço mostram que o nível de conhecimento do Tarcísio não passa de 35%. Como ele pode ter 40% de intenção de voto?”, questionou, referindo-se a uma pesquisa recente do Datafolha.

Coimbra também relembrou que o cargo de governador de São Paulo nunca garantiu vitória presidencial. “Não há nenhum caso no Brasil moderno em que ser governador de São Paulo significou ganhar a eleição”.

A imprensa como mantenedora do bolsonarismo - O sociólogo foi enfático ao criticar o papel da grande mídia no prolongamento da influência de Bolsonaro após a derrota eleitoral de 2022. “A imprensa conservadora brasileira fez um trabalho diário de manter o Bolsonaro vivo. A Folha, o Estadão, a TV Globo mantiveram o Bolsonaro respirando por aparelhos”, disse. Segundo ele, se tivesse sido tratado como Lula foi durante sua prisão, “Bolsonaro já estaria esquecido”.Lula como símbolo de estabilidade - Diante da ausência de Bolsonaro, Coimbra aponta que Lula tende a se beneficiar eleitoralmente em 2026, especialmente em um cenário de instabilidade global. “Num momento de incerteza, pesa a favor de Lula o fato de ser conhecido, simpático e experiente. É tranquilizador ter um líder assim no comando do país”, argumentou.

Ele ainda reforçou que a eleição presidencial de 2026 deve ser novamente polarizada entre Lula e o “antilulismo”, mas desta vez com a direita mais fraca, sem o “argumento concreto” da chave do cofre. “A direita chega muito mais fraca do que em 2022. Ela não vai ter o dinheiro que o Bolsonaro torrou. Estima-se que ele tenha gasto cerca de R$ 500 bilhões para impulsionar sua votação”.

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