Rui Costa Pimenta: "O objetivo imediato do bolsonarismo é a anistia"
Em entrevista à TV 247, presidente do PCO alerta para a grave crise política brasileira
247 – Em entrevista concedida nesta sexta-feira (25), ao canal TV 247, o presidente do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, traçou um panorama agudo sobre o atual momento político brasileiro e internacional. Pimenta analisou temas como o papel de Donald Trump, a postura do governo Lula, as manobras do Judiciário e o risco de aprofundamento da crise institucional. A íntegra da conversa está disponível no canal oficial da TV 247 no YouTube (assista aqui).
Um dos pontos centrais da análise de Rui Costa Pimenta foi o papel desempenhado por Donald Trump na política global. O presidente do PCO rejeitou a tese de que o republicano represente os interesses do imperialismo tradicional. “O Trump não é representante do imperialismo. Ele é uma expressão da crise do imperialismo”, afirmou. Para Pimenta, Trump confronta setores do chamado “deep state”, como as indústrias armamentistas e agências de inteligência, tradicionalmente associadas aos Democratas.
Ele também destacou que os interesses do atual presidente dos Estados Unidos – que assumiu seu segundo mandato em 2025 – se diferenciam dos do establishment: “Trump é de outra ala da burguesia americana. Age por vezes a favor do imperialismo, porque é presidente, mas não é o seu agente direto”, disse.
Críticas à esquerda liberal: “Frente do imperialismo dito democrático”
Rui Costa Pimenta teceu duras críticas à participação do presidente Lula em encontros internacionais com líderes de esquerda liberal, como o realizado no Chile. “Esse tipo de articulação é uma frente do imperialismo dito democrático. Lula não deveria patrocinar isso”, afirmou, ao mencionar a presença de Pedro Sánchez e Keir Starmer como parte de um alinhamento com o imperialismo ocidental.
Segundo Pimenta, a esquerda institucional está “presa a uma ilusão” de luta entre democracia e fascismo que, na verdade, mascara a dominação imperialista global. “Estão transformando o Biden quase em santo”, ironizou.
Bolsonaro, STF e anistia: “Estão com medo das consequências”
Ao comentar o embate entre Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal, especialmente as decisões do ministro Alexandre de Moraes, o presidente do PCO observou que o ex-presidente da República segue exercendo forte influência. “O Bolsonaro não foi preso porque a situação é crítica. O pessoal tem medo das consequências. Ele é uma força poderosa”, disse.
Rui também apontou que há uma tentativa de articulação entre setores da direita institucional visando garantir a anistia ao ex-presidente. “O objetivo imediato do bolsonarismo é a anistia no Congresso antes das eleições. Essa é a fase atual do jogo político”, alertou. Ele ainda sugeriu que a falta de votação sobre o tema indica que o bolsonarismo pode ter apoio suficiente para vencer, e por isso a matéria não é pautada.
Sobre o governo Lula, Pimenta afirmou que a condução atual carece de mobilização popular. “Não se ganha luta política mobilizando juízes. Isso tende a dar errado”, declarou. Para ele, o governo perde conexão com suas bases, citando inclusive a carta de cobrança enviada pelo MST ao presidente. “Não adianta dizer à base que está tudo bem quando não está. O povo não está feliz”, completou.
Ele também advertiu sobre a armadilha de seguir a lógica da frente ampla com forças neoliberais: “Os aliados do PT, como a Rede Globo, são associados ao imperialismo mundial”. E completou: “Se continuar nessa linha, o PT vai pagar caro”.
O papel da mídia e o risco de convulsão social
Pimenta criticou a postura dos grandes veículos de imprensa que, segundo ele, estão tentando “manter Bolsonaro vivo politicamente”, inclusive com editoriais defendendo seu direito de fala. “A imprensa quer tirar o Bolsonaro da eleição, mas sem exagerar, para evitar que o caldo entorne”, afirmou.
Na visão do dirigente, o bolsonarismo continua sendo um trunfo para o sistema. “O maior aliado do Lula hoje é o Bolsonaro. Sem o bandido, o mocinho perde sua função no roteiro”, ironizou.
A crise como prenúncio de rupturas
Por fim, Rui Costa Pimenta alertou para o risco de uma crise ainda mais profunda, não apenas pela direita, mas também por uma insatisfação popular crescente. “Você pode ter uma rebelião popular. O povo está com a situação por aqui. O regime está enfraquecido”, concluiu.
A entrevista reafirma a linha crítica do PCO frente à conjuntura atual, desafiando leituras mais convencionais tanto da esquerda institucional quanto da direita liberal. Rui Costa Pimenta propõe uma análise centrada nas contradições de classe e alerta para os perigos de uma política que, segundo ele, se apoia em fantasmas como o "fascismo" para mascarar alianças com setores do imperialismo global. Assista:
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