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Pomar: “tornozeleira é pouco para o cavernícola”

Valter Pomar defende prisão preventiva de Bolsonaro e alerta para riscos à soberania diante da escalada liderada pelos EUA

Pomar: “tornozeleira é pouco para o cavernícola” (Foto: ABR | Brasil247)

247 - O historiador e dirigente petista Valter Pomar afirmou que a decisão do ministro Alexandre de Moraes de impor medidas cautelares contra Jair Bolsonaro, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, é correta, mas insuficiente diante da gravidade dos atos atribuídos ao ex-presidente. “Tornozeleira é pouco para o cavernícola”, declarou Pomar durante participação no programa Contramola, da TV 247.

Ao analisar o contexto das ações judiciais e a escalada internacional de pressões sobre o Brasil, Pomar foi direto: “O certo mesmo é que esse cidadão vá em cana”. Para o dirigente petista, os indícios contra Bolsonaro são públicos e o risco de fuga é real, o que justificaria uma prisão preventiva. “Seria muito ruim para o Judiciário brasileiro, para a soberania brasileira, para a democracia brasileira, se ele escapasse.”

“O prontuário do cavernícola é público e notório”

Pomar argumenta que o Supremo Tribunal Federal respondeu de forma adequada à ofensiva contra o sistema de justiça e contra a soberania nacional, numa conjuntura em que até o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, manifestou apoio público ao ex-presidente brasileiro. Segundo ele, os sinais emitidos por Washington não devem ser subestimados.

“O prontuário do cavernícola é público e notório. A adesão dele a esse ataque contra a soberania nacional já é, em si, razão para ele estar em cana”, afirmou. Para o historiador, o momento exige mais do que medidas simbólicas. “Esse cara tem que ser posto em cana imediatamente, sob pena da gente ver logo, logo, alguma novidade ruim nesse terreno.”

Pressão internacional e ameaça à soberania

O dirigente petista ampliou o foco da análise ao destacar que os Estados Unidos estão conduzindo uma ofensiva global contra governos que, como o de Lula, mantêm relações com países como China e Rússia. “Os Estados Unidos estão operando para, na porrada, mudar o regime político do país, na porrada ganhar as eleições de 2026 aqui no Brasil”, alertou.

Segundo Pomar, o editorial do Estadão, publicado no mesmo dia da entrevista, reflete essa lógica. Ele criticou o fato de o jornal defender o afastamento do Brasil dos BRICS como forma de apaziguar os EUA. “O problema do Trump não é o cavernícola. O problema do Trump são os BRICS. Eles não querem aqui um governo que trata a Rússia e a China como normais.”

Lula, o Estado e a necessidade de reação

Questionado sobre o papel do presidente Lula diante desse cenário, Valter Pomar reconheceu sua centralidade, mas fez um alerta: “Só o Lula tem a possibilidade, neste momento histórico dado, de apontar no sentido de respeitar a nossa soberania. Porém, quando você depende de uma pessoa só, está facilitando o trabalho do inimigo.”

Para ele, é preciso romper com o atual modelo de dependência em torno de uma liderança individual e investir na construção de força coletiva. “A gente precisa ter heroísmo coletivo. Centenas de milhares de pessoas, ou mais, organizadas e conscientes. Não adianta terceirizar tudo para uma figura, por melhor que seja.”

Ao defender medidas estruturais e imediatas, Pomar destacou que o Estado brasileiro precisa assumir o protagonismo na defesa da soberania. “É o Estado quem tem que tomar medidas para garantir soberania alimentar, produtiva, digital, comunicacional, energética e militar. Se o Estado não age, ninguém vai conseguir resistir isoladamente.” Assista: 

 

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