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      Oliveiros Marques: STF acertou ao impor tornozeleira a Bolsonaro e EUA violam soberania brasileira

      Sociólogo afirma que risco de fuga é real e apontou articulação da extrema-direita global contra o Brasil

      (Foto: REUTERS/Adriano Machado | Divulgação)
      Dafne Ashton avatar
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      247 – Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o sociólogo Oliveiros Marques avaliou como correta a decisão do ministro Alexandre de Moraes de impor o uso de tornozeleira eletrônica a Jair Bolsonaro. Segundo ele, a medida foi baseada em “argumentos sólidos” e responde a um contexto concreto de tentativa de obstrução da Justiça. “Bolsonaro já estudava como fugir do país”, afirmou Marques, ao lembrar que o ex-presidente, ao ser questionado por um jornalista sobre os dias que passou na embaixada da Hungria, respondeu: “Você sabe se a Hungria tem acordo de extradição?”. Para o analista, trata-se de uma admissão tácita de que a fuga era uma possibilidade real considerada por Bolsonaro.

      A entrevista foi ao ar no momento em que o ex-presidente enfrenta novas restrições judiciais, como a proibição de deixar sua residência à noite e nos fins de semana, além da proibição de contato com outros investigados, inclusive seu filho Eduardo Bolsonaro. “Não é com o filho que ele está proibido de falar, é com um investigado por crime contra o Estado brasileiro”, ironizou Oliveiros.

      Um dos pontos centrais da conversa foi a reação do governo dos Estados Unidos, que, sob a gestão do presidente Donald Trump, anunciou a revogação do visto de Alexandre de Moraes e de seus “aliados na Corte”. A medida foi anunciada pelo secretário de Estado norte-americano Marco Rubio. Para Oliveiros, trata-se de uma “ingerência explícita” e inaceitável de uma potência estrangeira em assuntos internos de uma democracia em funcionamento. “Os EUA costumam aplicar esse tipo de medida contra ditaduras não alinhadas. Usar isso contra o Brasil é gravíssimo. É uma afronta ao Judiciário brasileiro, ao Estado brasileiro”, disse.

      Marques também apontou o papel de Eduardo Bolsonaro na articulação de pressões internacionais contra o Brasil, como o “tarifaço” anunciado por Trump. Segundo ele, as ameaças econômicas não foram apenas retaliações comerciais, mas também parte de uma estratégia deliberada de coação política. “O Eduardo Bolsonaro atuou como porta-voz em Washington, financiado com dinheiro enviado pelo pai. Foram R$ 2 milhões, admitidos pelo próprio Bolsonaro. Essa rede é real, é financiada, é organizada”, afirmou.

      Ao comentar o pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre os ataques ao Brasil, Oliveiros destacou o acerto da estratégia adotada. Para ele, Lula foi hábil ao evitar a fulanização do embate e reforçar o discurso de soberania nacional. “A fala do presidente mostra que há quem defenda o Brasil e há os que atacam os interesses do país para proteger os próprios privilégios. O conteúdo foi bom, a forma foi correta e a estratégia foi eficaz”, avaliou.

      O sociólogo afirmou ainda que o momento atual, de embate aberto com a extrema-direita global e seus aliados internos, deve ser aproveitado para que o governo promova uma agenda de futuro. “Não basta ficar apenas no enfrentamento. Esse embate precisa ser um trampolim para projetar esperança e desenvolvimento. O pronunciamento do Lula sinalizou exatamente isso: que o Brasil vai resistir e construir seu futuro com soberania”, afirmou.

      Sobre a repercussão da operação da Polícia Federal e a possível reação de setores mais moderados, Oliveiros rebateu as críticas de que Moraes estaria exagerando. “Não há excessos. Existe um processo legal em curso, uma investigação séria da Polícia Federal, encaminhada à PGR e deferida pelo STF. Não se trata de espetáculo. Trata-se de defesa do Estado Democrático de Direito. Não dá para seguir aceitando que Bolsonaro e seus aliados achincalhem a Justiça e o Estado brasileiro”, disse.

      Durante a conversa, Marques também comentou os artigos que vem publicando no portal Brasil 247, entre eles “Nem só o que é sólido se desmancha no ar”, no qual desconstrói o discurso bolsonarista em torno de seus lemas: “Deus, pátria, família e liberdade”. Segundo ele, trata-se de um discurso cínico, que não resiste à menor análise. “Eles dizem defender a família, mas pensam apenas na própria. Dizem defender a pátria, mas fazem continência para a bandeira dos EUA. Dizem defender a liberdade, mas tentaram um golpe de Estado. E no fim, resta apenas a manipulação da fé. Por isso, escrevi: que Deus não os perdoe”, concluiu.

      Ao final da entrevista, o sociólogo ressaltou que o governo Lula deve manter sua postura institucional, sem recuar da disputa política. “O governo tem que defender o Brasil sem hesitação, mas com responsabilidade. Já os ministros e líderes políticos aliados, esses devem ir ao embate político com firmeza. A extrema-direita está em campanha permanente, e o campo democrático não pode se calar”, disse. Para ele, o caso Bolsonaro expõe o quanto a extrema-direita global está articulada — e o Brasil precisa estar preparado para enfrentá-la. Assista: 

       

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