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      Paulo Nogueira Batista Júnior: "Trump nunca quis negociar com Lula"

      Economista avalia que tarifa de 50% dos EUA contra produtos brasileiros tem impacto limitado, mas exige reação firme do governo Lula

      (Foto: Divulgação )
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      247 - Em entrevista ao programa Brasil Agora, da TV 247, o economista Paulo Nogueira Batista Júnior afirmou que o chamado tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra produtos brasileiros representa “uma agressão importante”, mas não chega a provocar um choque profundo na economia nacional. A medida eleva para 50% as tarifas sobre itens como café, pescados e outros produtos estratégicos, afetando cerca de 6% das exportações totais do Brasil. Segundo ele, embora o impacto sobre o PIB seja relativamente pequeno, setores específicos sofrerão mais, sobretudo aqueles fortemente dependentes do mercado norte-americano. “O mercado americano é importante, mas não é o único. As empresas brasileiras precisam buscar alternativas, porque ficou comprovado que os Estados Unidos não são um parceiro confiável”, disse.

      Para o economista, o Brasil deve adotar uma postura mais firme nas relações com Washington e não ceder a pressões internas para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva procure diretamente Trump para negociar. “São os idiotas que ficaram cobrando que Lula tivesse humildade para telefonar para o Trump. Esse sujeito sofre uma agressão desmotivada e vai sair telefonando? Claro que não”, declarou. Ele destacou que as tarifas são usadas pelo governo norte-americano como instrumento geopolítico, e não apenas comercial, e que a postura de Trump “não permite qualquer ilusão” sobre uma negociação estável. Batista Júnior lembrou o episódio em que uma reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro norte-americano foi cancelada, o que classificou como exemplo da instabilidade e falta de seriedade de Washington.

      Ele também criticou duramente a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, considerando a medida “sem precedentes” e de “ridículo atroz”. Para ele, o Brasil deve deixar claro que seu sistema financeiro não está subordinado a legislações estrangeiras. “Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil, todos terão que se pautar pela lei brasileira em primeiro lugar”, afirmou.

      Batista Júnior avalia que a ofensiva de Washington contra países do BRICS pode, paradoxalmente, fortalecer a coesão do bloco, especialmente após a Índia — que historicamente mantinha proximidade com os EUA — também ser alvo de tarifas elevadas. Nesse contexto, Lula pretende usar a presidência rotativa do BRICS, que o Brasil ocupa até o fim do ano, para coordenar posições contra as medidas norte-americanas.

      O economista considera que o ambiente macroeconômico brasileiro em 2025 é “positivo”, com inflação em queda, desemprego baixo e risco fiscal reduzido, mas alerta para o aumento do déficit em conta corrente, que já chega a 3% do PIB. Sobre a relação com a China, ele ressalta a importância de evitar uma dependência baseada apenas na exportação de produtos primários, defendendo que o país asiático invista em tecnologia e produção industrial no Brasil.

      Ao comentar a ligação do presidente russo, Vladimir Putin, para Lula, Batista Júnior interpretou o gesto como reconhecimento ao esforço brasileiro em buscar a pacificação do conflito na Ucrânia. Ainda assim, acredita que eventuais negociações entre Trump e Putin dificilmente superarão impasses territoriais e podem levar os Estados Unidos a se afastarem do envolvimento direto na guerra. Para ele, a mudança de postura de Washington, que inicialmente liderou a ofensiva contra Moscou e hoje sinaliza menos interesse na continuidade do conflito, deixou os europeus isolados e com uma “ilusão perversa” sobre uma suposta ameaça russa. Assista: 

       

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