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      "Não dá para misturar quartel e política", diz Farinazzo

      Militar da reserva defende despolitização das Forças Armadas e vê julgamento de Bolsonaro e de militares golpistas como avanço da democracia no Brasil

      (Foto: Divulgação)
      Dafne Ashton avatar
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      247 – O comandante da reserva da Marinha Robinson Farinazzo afirmou, em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, que a politização dos quartéis representa um risco à democracia e à própria estabilidade das Forças Armadas. A entrevista foi ao ar no dia 28 de julho e abordou temas sensíveis como o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de militares envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Para Farinazzo, o país vive um momento de amadurecimento institucional e deve preservar o Supremo Tribunal Federal como bastião da ordem constitucional.

      “Não dá para misturar quartel e política”, declarou Farinazzo. “São naturezas diferentes. O papel do militar é a defesa da soberania, das fronteiras e da nação. Quando se mistura isso com política, os prejuízos são inevitáveis — tanto para o país quanto para a imagem das Forças Armadas.”

      STF e julgamentos: um divisor de águas

      Ao comentar o julgamento de Jair Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral e os inquéritos que investigam sua participação na tentativa de golpe, Farinazzo destacou a importância da atuação firme do Supremo Tribunal Federal. “Muita gente reclama do gigantismo do STF, mas se não fosse o Supremo, o golpe de 8 de janeiro teria avançado. O STF é hoje o bastião da democracia brasileira. Ele foi empoderado pela própria Lava Jato e agora é quem segura o país diante da ameaça autoritária.”

      Para o analista, o amadurecimento democrático do Brasil passa por responsabilizar as lideranças políticas e militares que atentaram contra a Constituição. Ele ressaltou que os processos em curso são um marco histórico:

      “A judicialização da política, promovida pela extrema direita, acabou criando um STF forte. Agora, desmontar esse Supremo não será fácil. E ainda bem que não é. O julgamento de Bolsonaro e dos militares golpistas precisa seguir até o fim. O país precisa mostrar que não aceita retrocessos.”

      Riscos de uma nova politização

      Farinazzo resgatou o histórico de tentativas de politização das Forças Armadas e relembrou que, após o regime militar, houve um esforço concreto para despolitizar os quartéis — um processo que, segundo ele, foi interrompido durante o governo Bolsonaro:

      “O Geisel teve o mérito de despolitizar os quartéis. Havia uma preocupação enorme com a hierarquia e a disciplina. Isso começou a ruir com Bolsonaro. Ele trouxe de volta o espírito de politização para dentro das Forças, e isso é um erro grave.”

      O militar alertou que a atuação política de oficiais da ativa ou da reserva compromete a missão institucional das Forças Armadas e sua credibilidade perante a sociedade civil:

      “Essa mistura faz muito mal às Forças Armadas. Depois que tudo passa, sobra um preço histórico a ser pago. Por isso, é preciso manter os quartéis afastados do jogo político.”

      General Tomás e o desafio da despolitização

      Farinazzo elogiou o atual comandante do Exército, general Tomás Ribeiro Paiva, por adotar uma postura de neutralidade institucional:

      “O general Tomás tem feito um trabalho digno de admiração. Acredito que ele seja peça fundamental nesse esforço de despolitização. Espero que, quando houver sua substituição, entre alguém com a mesma visão, porque isso é uma questão de sobrevivência para as Forças Armadas.”

      Lava Jato e a origem do caos político

      Farinazzo também apontou a operação Lava Jato como o ponto de inflexão que desestabilizou as instituições e criou o ambiente propício para o golpismo:

      “A Lava Jato foi uma revolução colorida, montada para colocar a população contra as instituições. O resultado está aí: uma tentativa de golpe, destruição de parte da nossa indústria e contaminação da caserna.”

      Ele relembrou que a operação serviu de plataforma para o surgimento do bolsonarismo e levou ao aprofundamento do caos político e econômico:

      “Todo governo com viés desenvolvimentista acaba sendo derrubado no Brasil sob acusações de comunismo ou corrupção. Bolsonaro se aproveitou disso para capturar setores das Forças Armadas, e agora o país precisa reparar esse erro.”

      Assista:

       

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