“Nada de destilados em bares até descobrirmos os responsáveis”, alerta Gonzalo Vecina
Ex-presidente da Anvisa pede cautela após mortes por metanol e cobra investigação rápida sobre bebidas adulteradas
247 - O professor Gonzalo Vecina Neto fez um duro alerta durante participação no programa Boa Noite 247, ao comentar o escândalo das bebidas adulteradas com metanol que já provocou mortes em São Paulo. Ele declarou que não voltará a consumir destilados em bares até que se identifique e puna os responsáveis: “cada garrafa é uma sentença de morte”.
Segundo ele, o episódio expõe uma combinação criminosa que vai além do contrabando e da falsificação comuns no mercado ilegal de bebidas. Vecina afirmou que a gravidade está no uso deliberado de um solvente industrial altamente tóxico: “Quem fez a adição de metanol em whisky, gin e vodca … aí esses caras são os idiotas. Acho que são os idiotas, porque eu não conheço ninguém que mate o freguês”. Ele frisou que quem vendeu a substância para os falsificadores sabia dos riscos: “Esse é o criminoso que nós temos que achar”.
As investigações já confirmaram pelo menos duas mortes relacionadas ao consumo dessas bebidas em São Paulo. O Ministério da Justiça abriu inquérito para apurar a origem do metanol e sua distribuição em redes de bares e distribuidoras. A Polícia Federal também foi acionada para rastrear possíveis conexões do mercado clandestino com o crime organizado. Autoridades avaliam que milhares de garrafas adulteradas podem ainda estar em circulação.
Durante a entrevista, Vecina defendeu que consumidores adotem medidas de autoproteção imediata. “Enquanto isso … nada de bebidas destiladas em bar. Pode tomar um vinho e cerveja, mas destilados, caipirinha, essa acabou”, afirmou. Ele reforçou que o recado deve servir de pressão sobre estabelecimentos que compram de fornecedores clandestinos.
Dados recentes reforçam a gravidade do quadro: mais de um terço das bebidas alcoólicas vendidas no Brasil é proveniente de contrabando ou falsificação, o que facilita a entrada de produtos adulterados no mercado. O metanol, quando ingerido, é metabolizado em ácido fórmico, substância que pode causar perda irreversível da visão e até levar à morte em poucas horas. Especialistas recomendam que consumidores desconfiem de preços muito abaixo do mercado, lacres violados, rótulos com falhas de impressão ou ausência de lote e CNPJ.
Vecina destacou ainda que este é um momento para cobrar mais responsabilidade de empresários e autoridades, mas também para fortalecer a consciência coletiva. Ele afirmou que denunciar práticas ilegais não é “traição”, e sim um exercício de cidadania. “Nós não podemos aceitar atos que matam pessoas por ganância. Está na hora de dizer basta à impunidade”, concluiu. Assista: