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“Lula pode unificar América Latina diante da ameaça dos EUA”, diz Altman

O Brasil tem papel decisivo para construir uma frente comum contra a escalada de Donald Trump na região

“Lula pode unificar América Latina diante da ameaça dos EUA”, diz Altman (Foto: ABR | Reuters )

247 - O jornalista Breno Altman afirmou, em entrevista ao Bom Dia 247, que a América Latina vive um momento em que a unidade regional se torna essencial diante da escalada de pressões vindas dos Estados Unidos. Segundo ele, apenas o Brasil, sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem condições de articular uma resposta comum a essas ameaças.

Altman destacou que a postura de Donald Trump, em relação à Colômbia e à Venezuela, faz parte de uma estratégia mais ampla de reconfiguração da política externa norte-americana para o continente. “Trump quer apertar a América Latina e especialmente a América do Sul. Seus alvos principais hoje são Venezuela e Colômbia”, afirmou.

Mudança na doutrina dos EUA

O jornalista avaliou que a Casa Branca estaria deixando de lado a chamada “doutrina dos dois blocos” – que dividia governos entre amigos e inimigos – para adotar uma visão tripartite, com países aliados, adversários e outros considerados “neutralizáveis”. Nessa lógica, o Brasil estaria sendo tratado como um ator a ser neutralizado, e não necessariamente como inimigo direto. “A neutralização do Brasil teria importância pelo peso que o país tem na América Latina”, analisou Altman, ressaltando que esse movimento busca também enfraquecer os laços brasileiros com a China, os BRICS e propostas de desdolarização da economia mundial.

O papel de Lula

Para Altman, somente o presidente brasileiro poderia liderar uma frente comum contra a ofensiva norte-americana. “O presidente Lula é a única liderança da região que poderia unificar a América Latina diante dessa escalada de Donald Trump”, disse. Segundo ele, Colômbia, México e Venezuela não têm força política suficiente para assumir esse papel. O Brasil, por seu peso econômico e histórico, seria o único capaz de articular uma coalizão que envolvesse os principais países do continente.

Falta de engajamento do Brasil

Apesar de avanços recentes, como declarações de solidariedade do PT e do ex-chanceler Celso Amorim, além de um discurso de Lula defendendo a autodeterminação venezuelana, Altman avaliou que ainda falta uma iniciativa mais contundente. “O Brasil hoje é o problema da unidade, porque atua isoladamente para enfrentar seus problemas com os Estados Unidos e não busca criar um bloco regional”, afirmou. Ele acrescentou que seria necessário que Lula retomasse o diálogo direto com Nicolás Maduro para superar divergências passadas e fortalecer a integração latino-americana.

Unidade como resposta

Altman concluiu que a fragmentação atual favorece a ofensiva norte-americana e enfraquece o continente. “Essa unidade somente poderia ser construída a partir do Brasil”, enfatizou. Para ele, o desafio do momento é o governo brasileiro compreender que sua força de negociação aumenta não pela neutralidade, mas pela liderança ativa de um bloco regional frente à pressão dos Estados Unidos. Assista: 

 

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