TV 247 logo
      HOME > Entrevistas

      "Lacaio de Trump, Eduardo Bolsonaro não é brasileiro, é lesa-pátria", diz Marcelo Uchôa

      Jurista critica impunidade da anistia de 1979 e afirma que clã Bolsonaro ameaça novamente a democracia brasileira

      "Lacaio de Trump, Eduardo Bolsonaro não é brasileiro, é lesa-pátria", diz Marcelo Uchôa (Foto: Divulgação)
      Dafne Ashton avatar
      Conteúdo postado por:

      247 - A análise foi feita pelo jurista Marcelo Uchôa em entrevista ao programa Boa Noite 247. Durante a conversa, Uchôa resgatou os 46 anos da anistia de 1979, ressaltando sua importância histórica, mas também apontando os limites que abriram espaço para uma “cultura de impunidade” no país. Para ele, os ecos desse passado se manifestam hoje na tentativa de setores da extrema direita de se blindar contra investigações por meio da chamada PEC da anistia, que classifica como “PEC da impunidade”.

      Segundo Uchôa, a anistia representou uma conquista para perseguidos políticos e exilados, mas deixou impunes os militares envolvidos em violações de direitos humanos. “Ao garantir a extensão da anistia, o país estendeu também a impunidade para aqueles que praticaram violência durante a ditadura”, explicou. Ele destacou que muitos dos protagonistas do regime militar são as mesmas famílias e grupos políticos que, décadas depois, estiveram por trás dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

      O jurista foi incisivo ao relacionar o passado e o presente: “Eles falam de PEC da anistia, mas temos que ressaltar que o nome verdadeiro é PEC da impunidade. Querem se livrar de crimes gravíssimos cometidos contra o Estado democrático de direito”. Uchôa defendeu que, ao contrário de 1979, quando concessões foram inevitáveis, o Brasil tem hoje a oportunidade histórica de não repetir o erro de blindar responsáveis por ataques à democracia.

      Ele também ressaltou o papel das mulheres na luta pela anistia: “Se não fossem as mulheres, não teria havido anistia no Brasil. A coragem delas é uma história que ainda precisa ser melhor contada”. Para Uchôa, a mobilização feminina foi determinante para enfrentar generais e autoridades e garantir a volta de exilados e a libertação de presos políticos.

      Em relação à conjuntura atual, Uchôa criticou duramente os parlamentares que minimizam ou defendem os atos de 8 de janeiro. Para ele, tais políticos deveriam ser “expurgados do parlamento”, já que normalizam ataques diretos ao Congresso, ao STF e ao Executivo. Ele lembrou que há provas robustas contra os acusados, como mensagens em redes sociais, planos de atentados e a tentativa de instaurar um regime autoritário no país.

      O momento mais contundente da entrevista foi sua crítica a Eduardo Bolsonaro. Uchôa chamou o deputado de “traidor da pátria” e “lacaio de Donald Trump”, atual presidente dos Estados Unidos, afirmando que ele “não é brasileiro, é lesa-pátria”. Segundo o jurista, o parlamentar e aliados tentam sabotar o próprio país para atender interesses externos e escapar da Justiça. “Ele acha que pode jogar o país na lata do lixo. Mas não vai. Se um dia sair dos Estados Unidos, pode acabar na lista da Interpol”, alertou.

      Marcelo Uchôa concluiu defendendo que o julgamento dos envolvidos nos atos golpistas de 2023 seja rigoroso, para que o Brasil não repita a leniência de 1979. Para ele, somente uma resposta firme às tentativas de ruptura institucional poderá consolidar de fato a democracia. Assista: 

      Artigos Relacionados