José Genoino: “O apoio a Alexandre de Moraes deve ser incondicional”
Ex-presidente do PT afirma que a defesa do ministro do STF é uma questão de soberania nacional diante da ofensiva liderada por Donald Trump
247 - Em entrevista ao programa Bom Dia 247, o ex-presidente nacional do PT José Genoino defendeu que a solidariedade política ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), seja “incondicional”. A declaração foi dada no contexto das sanções impostas pelos Estados Unidos ao magistrado, por meio da chamada Lei Magnitsky, ação liderada pelo presidente norte-americano Donald Trump. Para Genoino, a ofensiva representa uma grave ameaça à soberania brasileira e exige resposta firme das instituições.
“O apoio a Alexandre Moraes é uma questão de princípio democrático que vincula a questão da autonomia do Supremo com a soberania nacional”, afirmou o ex-deputado.
Segundo Genoino, trata-se de uma tentativa do governo Trump de interferência direta no sistema de Justiça do Brasil. Para ele, qualquer país que tente “criminalizar” ou “fulanizar” um ministro da Suprema Corte brasileira está atentando contra os fundamentos do Estado democrático de direito.
“Um país não pode interferir na ação do Supremo. Independente de concordar ou não, eu arco com todas as decisões de Alexandre”, declarou.
Soberania em disputa e papel do imperialismo
Ao analisar o cenário internacional, Genoino ressaltou que a crise do imperialismo norte-americano vem sendo gerida por uma extrema-direita que se apoia em forças econômicas e tecnológicas, como as Big Techs e o setor financeiro. Na avaliação dele, a ação de Trump é parte de uma estratégia para afirmar a hegemonia dos EUA no cenário global, especialmente contra países que buscam autonomia.
“O trumpismo é a expressão da extrema direita na gestão da crise do imperialismo americano”, disse. “Eles estão fulanizando o Alexandre Moraes para dar uma lição para os outros. Trabalham com a ideia do medo, do ódio e da paralisia.”
Genoino alertou que a movimentação norte-americana foi estimulada por figuras políticas brasileiras, como Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo, a quem acusou de atuarem como “vassalos do imperialismo”. Para ele, essa articulação configura uma tentativa de deslegitimar o STF e criar um ambiente de intimidação institucional.
“O que eles estão fazendo é cuspir na cara do povo brasileiro. Se aliam ao imperialismo americano para contrariar os interesses do país e da Justiça.”
Lula e Moraes: respostas distintas, mas convergentes
O ex-presidente do PT avaliou como corretas as posturas tanto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto de Alexandre de Moraes frente à crise. De um lado, Moraes recusou a defesa oficial da Advocacia-Geral da União neste momento. De outro, Lula articulou encontros com ministros do STF no Palácio da Alvorada e defendeu publicamente a independência do Judiciário.
“A principal resposta do ministro Alexandre Moraes é o julgamento firme, sereno, dentro dos preceitos democráticos”, afirmou Genoino. “O presidente Lula, como chefe de Estado, tem a responsabilidade de deixar claro que não aceitará pressões externas sobre o Supremo.”
Crítica à omissão do Congresso e apelo por mobilização
Genoino criticou a postura das presidências da Câmara e do Senado, classificando como “tímidas” as reações frente à sanção dos EUA. Ele comparou a situação atual com momentos históricos em que o Legislativo teve papel mais enfático na defesa da soberania.
“Tem determinados temas em que os democratas não podem ficar com ambiguidade. É ou não é?”, questionou. “O bolsonarismo é uma extrema-direita vassala do imperialismo americano. Estão tirando a máscara.”
O dirigente também destacou a importância de ampliar a mobilização política contra a ofensiva dos EUA e em defesa da democracia, apontando para a necessidade de articulação popular, especialmente às vésperas das eleições de 2026.
“Estamos construindo uma experiência inédita no mundo de combater, com as normas do Estado democrático, a extrema direita”, avaliou. “A punição do Eduardo Bolsonaro, do Paulo Figueiredo e do chefe maior deles é uma questão central.”
Defesa internacional e articulação com os Brics
Genoino defendeu que o Brasil busque alianças internacionais para enfrentar o tarifário imposto pelos EUA e a ofensiva contra o Judiciário brasileiro. Segundo ele, é preciso mobilizar governos, entidades e movimentos sociais de outros países em defesa da soberania.
“Devia haver uma frente mundial em defesa da paz, da democracia e da autodeterminação dos povos”, sugeriu. “O Brasil precisa fortalecer sua atuação no sistema multilateral e aprofundar os laços com os Brics.”
O ex-presidente do PT também cobrou uma atuação mais consistente do bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul:
“Os Brics precisam ter mais efetividade. Não pode ser só manchete. É hora de fundar novos organismos internacionais.”
Para José Genoino, o momento exige clareza política e defesa intransigente da soberania nacional. Ele afirma que a resposta à ofensiva dos Estados Unidos deve combinar negociação com enfrentamento e reafirma que o Supremo Tribunal Federal precisa do respaldo de todos os setores democráticos do país.
“Nós temos que construir políticas concretas. Porque o que está em jogo é se vamos ser uma nação soberana ou apenas o quintal dos Estados Unidos.”
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