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Jeffrey Sachs à TV 247: 'China inaugura um modelo inédito de governança global'

Economista avaliou, em entrevista à TV 247, que a China conquistou posto de líder em inovação global numa série de setores altamente competitivos. Assista

Xi Jinping e Jeffrey Sachs (Foto: Xinhua)

247 - O economista Jeffrey Sachs, um dos pensadores mais conceituados do mundo, afirmou, em entrevista à TV 247, que a Iniciativa de Governança Global, lançada pela China na mais recente cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (SCO, na sigla em inglês), é um passo inédito na construção de uma ordem global alternativa, multipolar e mais justa.  

Sachs avaliou, na entrevista ao jornalista Leonardo Sobreira, que a cúpula na cidade chinesa de Tianjin serviu para enviar um duro recado aos Estados Unidos, do presidente Donald Trump. 

"A reunião em Tianjin, da SCO, mostrou mais uma vez: 'não, obrigado. Estamos aqui'. A maioria global se aproxima cada vez, seja na SCO ou no BRICS, e diz aos EUA: 'parem de apontar o dedo a nós. Não aceitaremos imposições'", disse. 

De acordo com o professor, a China conquistou, por meio do trabalho duro e de um grande esforço econômico e político nacional, o posto de líder em inovação global em uma série de setores altamente competitivos da economia global. 

"A China tem a maior base industrial do mundo. Ela produz módulos solares, carros elétricos, embarcações verdes, aparato de hidrogênio verde, linhas de trem de alta velocidade... Fizeram um tremendo progresso, estupendo, da pobreza para a riqueza, de utilizadora de tecnologia para uma inovadora na tecnologia de ponta. Eles trabalharam duro para atingir isso, e também economizaram muito, e isso é muito importante", disse Sachs. 

As reservas serviram um papel crucial para a China: a capacidade de financiar, com mais eficiência que os EUA seriam capazes, investimentos robustos no exterior, por meio, por exemplo, da Iniciativa Cinturão e Rota.

"A China usou parte dessas economias para ajudar outros países a financiar seus investimentos. Isso é a Iniciativa Cinturão e Rota. É eficiente para a China investir no exterior, não somente na China. Se esses investimentos têm um retorno bom, é algo inteligente a se fazer. Insto o governo chinês a tornar a maturidade do empréstimo para 20 anos ou mais, porque o processo de crescimento deve durar cerca de 20 anos. As reclamações de que gera dívida são reflexo de inveja. Os EUA não têm essa capacidade e não poderiam fazer algo parecido. A China deve ser exaltada por usar suas economias para incentivar o desenvolvimento ao redor do mundo, tendo em vista que os termos dos empréstimos são seguros. Esse é um programa maravilhoso que deve ser expandido", disse Sachs. 

Sachs avaliou que Pequim oferece uma alternativa real de governança global, centrada em instituições como as Nações Unidas e o Livre Comércio. A China propõe uma visão de governança global genuinamente diferente, afirmou o professor.

"A China não diz que vai liderar, e sim que vai ajudar a construir um mundo centrado nas Nações Unidas, baseada na soberania, a não interferências nos assuntos internos dos países, abertura comercial, civilização ecológica", disse Sachs. "Não há dúvidas de que o que está acontecendo é o fim do mundo liderado pelo Ocidente. A realidade é a multipolaridade", frisou. 

A cúpula da SCO, a maior da história, ocorreu na cidade chinesa de Tianjin, de 31 de agosto a 1º de setembro. Mais de 20 líderes estrangeiros, assim como representantes de organizações internacionais, participaram do encontro.

A SCO é uma organização internacional fundada em 2001. Fazem parte dela China, Rússia, Índia, Irã, Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Paquistão, Uzbequistão e Bielorrússia. Os países observadores são Afeganistão e Mongólia, enquanto os parceiros de diálogo da SCO incluem Azerbaijão, Armênia, Bahrein, Egito, Camboja, Catar, Kuwait, Maldivas, Mianmar, Nepal, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Turquia e Sri Lanka.

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