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Haddad se diz otimista sobre negociações com os EUA

Haddad aposta em retomada do diálogo com os EUA e defende estratégia diplomática do Brasil

Haddad se diz otimista sobre negociações com os EUA (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

247 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que mantém otimismo quanto à resolução do impasse comercial entre Brasil e Estados Unidos. A declaração foi dada durante participação no programa Bom Dia, Ministro, transmitido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A entrevista também foi disponibilizada no canal oficial do governo no YouTube.

Segundo Haddad, a recente ligação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizou um novo momento de cooperação bilateral, após semanas de tensão em torno do chamado “tarifaço” aplicado pelo governo norte-americano.

Relação Brasil-EUA: "não faz sentido o tarifaço"

Durante a conversa, Haddad destacou que o Brasil não deve ser alvo de sobretaxas comerciais, lembrando que os EUA só registram superávit com três países — Inglaterra, Austrália e Brasil.

“Não estamos falando apenas em nome do Brasil, mas de toda a América do Sul, que é deficitária em relação aos Estados Unidos e precisa de mais investimento. Temos oportunidades ligadas à transformação ecológica, às terras raras, minerais críticos e energia limpa”, disse o ministro.

Haddad também ressaltou que a diplomacia brasileira tem argumentos sólidos para demonstrar que as tarifas prejudicam não apenas os exportadores brasileiros, mas também consumidores norte-americanos. “Eles estão pagando mais caro pelo café da manhã, pela carne e por produtos industriais. O tarifaço, em vez de favorecer, está prejudicando os próprios Estados Unidos”, afirmou.

Imposto de renda e combate a privilégios

O ministro aproveitou a entrevista para comentar pautas internas, como a aprovação pela Câmara do projeto que isenta de imposto de renda trabalhadores que ganham até R$5 mil. O texto segue agora para o Senado.

“Foi uma ideia inovadora, construída dentro do Ministério da Fazenda ao longo de quase um ano. A proposta ganhou mentes e corações e resultou em uma votação histórica de 393 a 0 na Câmara. Estou confiante de que o Senado também vai aprovar ainda em outubro”, destacou.

Haddad também defendeu o fim de privilégios fiscais e reconheceu as resistências no Congresso. “Tudo que mexe com privilégio é muito difícil, porque os lobbies vêm para Brasília. Mas o Congresso tem mostrado sensibilidade desde 2023 e temos conseguido avançar”, avaliou.

Sustentabilidade e infraestrutura

Questionado sobre projetos de infraestrutura, o ministro mencionou a Ferrogrão e a necessidade de conciliar desenvolvimento com preservação ambiental. Ele elogiou a atuação da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em buscar soluções equilibradas.

“O nosso governo não opõe desenvolvimento à sustentabilidade. Pelo contrário, aposta em um projeto de desenvolvimento sustentável do ponto de vista econômico, social e ambiental”, disse.

Perspectivas para a COP 30

Haddad também falou sobre a Conferência do Clima da ONU (COP 30), marcada para 2025 em Belém (PA). Ele ressaltou que a principal proposta brasileira será a criação de um fundo internacional para financiar serviços ambientais prestados por países que mantêm florestas tropicais em pé.

Segundo o ministro, a iniciativa, chamada de TFF (Tropical Forest Fund), tem potencial de movimentar até US$100 bilhões. “Será um grande legado, sobretudo para o Sul Global, garantindo recursos para proteger as florestas tropicais e, ao mesmo tempo, gerar desenvolvimento sustentável”, afirmou.

Caminho político e eleições

Ao ser questionado sobre uma possível candidatura ao governo de São Paulo em 2026, Haddad negou a intenção. “Não pretendo ser candidato no próximo ano. Posso ajudar o presidente Lula de várias outras maneiras, apoiando a continuidade do projeto que está resgatando a cidadania e reconstruindo a economia brasileira”, disse.

O ministro concluiu reafirmando que o Brasil deve manter a estratégia atual de negociações com os Estados Unidos. “A nossa diplomacia é reconhecida como uma das melhores do mundo. Independentemente de quem seja o negociador americano, acredito que vamos superar esse momento e construir uma agenda produtiva para os dois países”, afirmou. Assista: 

 

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