Genoino: “o Brasil está se tornando uma referência de combate ao fascismo”
Ex-presidente do PT destaca operação contra o crime organizado e julgamento de golpistas como marcos democráticos
247 - Em entrevista ao programa Bom Dia 247, o ex-presidente do PT, José Genoino, afirmou que o Brasil vive um momento histórico no enfrentamento ao autoritarismo e à violência política. Segundo ele, o país se consolidará como exemplo internacional ao julgar os responsáveis pela tentativa de golpe de 2023 e ao adotar políticas de segurança pública baseadas em inteligência, e não em ações repressivas de caráter militarizado. “O Brasil está se tornando uma referência que, nos marcos da democracia, combate as tentativas de golpe e as práticas fascistas”, declarou Genoino, ao comentar a conjuntura política e os desdobramentos da crise institucional que teve como protagonista o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Genoino ressaltou a importância da recente operação contra o crime organizado, que expôs ligações entre setores financeiros, políticos e redes ilícitas. Para ele, esse tipo de ação evidencia que a fronteira entre o que é legal e o que é criminoso é cada vez mais tênue. “No Congresso Nacional, a PEC da impunidade queria dar uma cobertura legal para relações de políticos com o crime organizado. Isso abriria espaço para um mandato parlamentar blindar atividades ilícitas”, afirmou, ao destacar o risco de institucionalizar a proteção de agentes públicos envolvidos em esquemas ilegais. O ex-presidente do PT defendeu que a política de segurança deve romper com a lógica do confronto armado. “As operações mais bem-sucedidas não chegam atirando, mas com inteligência, investigação e coordenação. É preciso construir um sistema nacional de segurança pública com respeito ao devido processo legal”, pontuou.
Na avaliação de Genoino, a extrema direita tenta capturar a agenda da segurança pública com pautas punitivistas e de extermínio. Ele comparou esse cenário ao que ocorre em países como El Salvador, onde governos autoritários utilizam o medo e a violência como instrumentos de poder. “A extrema direita fascista usa a bandeira da segurança para iludir a população com ódio, caos e violência. Cabe às forças democráticas mostrar que o combate ao crime se faz com inteligência e respeito aos direitos”, afirmou. Genoino destacou também que o julgamento dos envolvidos na trama golpista de 2023, incluindo Jair Bolsonaro, representa um divisor de águas. “Pela primeira vez, o Supremo Tribunal Federal julgará uma tentativa de golpe contra a democracia. O mundo acompanha esse processo porque ele mostra que não haverá anistia nem impunidade”, disse.
O ex-deputado defendeu que o enfrentamento ao autoritarismo não deve se limitar à punição, mas precisa incluir reformas estruturais. Entre elas, citou mudanças no papel das Forças Armadas, que, em sua avaliação, devem ser afastadas de funções de “guerra interna” e da lógica do “inimigo interno”. “Nós temos que reformar a institucionalidade brasileira, incluindo o sistema político, a execução orçamentária e a política de defesa nacional. Sem isso, as crises se repetirão”, declarou. Genoino concluiu reforçando que a mobilização popular é decisiva para consolidar esse processo. “A pressão da sociedade é fundamental para que as instituições não cedam ao imobilismo nem ao conservadorismo”, afirmou, lembrando que foi a reação pública que barrou a votação da PEC da impunidade. Assista: