“Este também é o julgamento também do que restou da ditadura de 64”, diz Mario Vitor
O jornalista analisa as implicações do julgamento de Jair Bolsonaro, ligando-o à tradição golpista no Brasil e à ditadura militar de 1964
247 - Em participação no Bom Dia 247, o jornalista Mário Vitor Santos destacou a profundidade histórica do julgamento de Jair Bolsonaro, sugerindo que ele vai além das acusações imediatas de tentativa de golpe de Estado. De acordo com Santos, o caso coloca em questão o legado da ditadura militar de 1964, associando as ações do ex-presidente à continuidade da mentalidade golpista no Brasil.
Santos afirmou que o julgamento de Bolsonaro, conduzido no contexto das movimentações políticas de 2025, remete diretamente à tradição autoritária que marcou o regime militar. "Este também é o julgamento do que restou da ditadura de 64", disse o jornalista, explicando que a tentativa de Bolsonaro de enfraquecer as instituições democráticas não é um fenômeno isolado. "Ele sempre militou por essa ideia, sempre teve o desprezo pela democracia, sempre ameaçou a estabilidade do país com atitudes de natureza antidemocrática."
O jornalista se referiu à defesa do ex-presidente e ao processo jurídico que está em andamento, destacando a importância das alegações finais apresentadas por Paulo Gonet, que, segundo ele, trouxe uma análise histórica precisa e implacável. “Os atos que compõem o panorama espantoso e tenebroso da denúncia são fenômenos de atentado com relevância criminal contra as instituições democráticas. Não podem ser tratados como atos de importância menor", afirmou Santos, citando a contundência da argumentação jurídica.
Para Mário Vitor Santos, a análise de Gonet faz um paralelo entre o comportamento de Bolsonaro durante o golpe fracassado de 2023 e o apoio que ele sempre manifestou pela ditadura militar. "Ele não apenas apoiou a ditadura de 64, mas tentava atualizar essa violência autoritária, essa mentalidade de controle do Estado com torturas e repressão, querendo impor uma ditadura no país", explicou o jornalista.
O julgamento, portanto, tem um peso simbólico e histórico, não apenas pela tentativa de golpe recente, mas também pela atualização das atrocidades do regime militar, associando a ação de Bolsonaro à figura do torturador e do opressor. Santos se referiu à peça de Gonet como uma verdadeira obra de arte jurídica, que não só expõe a gravidade dos atos de Bolsonaro, mas também coloca em xeque a continuidade dessa visão autoritária no Brasil.
“O que está em julgamento não são apenas os atos de Bolsonaro, mas também os ecos da ditadura militar e a sobrevivência dessa ideologia autoritária, que sempre esteve à espreita e agora se manifesta de maneira explícita”, afirmou o jornalista. Para ele, a condenação de Bolsonaro é essencial para fortalecer as instituições democráticas e deixar claro que tentativas de desestabilizar a democracia não serão toleradas.
Santos concluiu sua análise enfatizando a importância histórica desse julgamento, que ultrapassa o contexto imediato de um processo legal, tornando-se um marco na luta pela preservação da democracia e pelo afastamento definitivo das práticas autoritárias que marcaram a história recente do Brasil. Assista: