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Criador do maior canal russo de análises militares fala ao 247 e planeja expansão global

O objetivo de Mikhail Zvinchuk é apoiar governos do Sul Global com técnicas de segurança em guerra informacional

Mikhail Zvinchuk (Foto: Reprodução/Vídeo/Venezuela News)

247 - A capital venezuelana, Caracas, recebeu na última semana uma poderosa reunião de personalidades midiáticas internacionais. Vindos de diferentes partes do mundo, eles se encontraram para o fórum "Vozes do Novo Mundo", que promoveu um dia inteiro de debates no Complexo Cultural Teresa Carreño.

Entre os participantes estava Mikhail Zvinchuk, fundador do Rybar—maior canal de análises militares do Telegram, com mais de um milhão de seguidores. À margem do evento, Zvinchuk concedeu entrevista exclusiva ao Brasil 247, na qual revisitou a trajetória do Rybar, explicou sua missão de promover o que chama de “guerrilha informacional” e revelou os planos para a expansão global da rede.

"A história começou em 2018, quando eu me sentia entediado no serviço de imprensa do Ministério da Defesa russo. O canal surgiu como um blog anônimo sobre os conflitos na Síria e no Iraque. Antes disso, eu havia atuado como intérprete e assessor militar no Iraque e na Síria. Meu objetivo era apresentar um ponto de vista diferente sobre o Ocidente", disse.

"Em 2020, passei a trabalhar no Grupo Wagner e, em apenas um ano, me tornei gerente de mídia da organização. Nessa função, minha tarefa era criar células de informação de guerra — de guerrilha — ao redor do mundo, formando uma rede unificada com esse propósito. Desde o início da Operação Militar Especial, deixei o Wagner para me dedicar ao desenvolvimento do meu próprio projeto e centro de análises", detalhou

"Ao longo desses três anos e meio, conquistamos um milhão e meio de seguidores", afirmou, sobre o desempenho avassalador do Rybar.

Zvinchuk ironizou que também “conquistou” uma extensa lista de países europeus que o sancionaram. Outra “conquista” foi a recompensa que o governo dos Estados Unidos ofereceu, em outubro do ano passado, por supostamente ter interferido nas eleições norte-americanas: 10 milhões de dólares por informações sobre ele, o Rybar e sua equipe. 

"Mas viajo tranquilamente para cá e para outros lugares", disse. 

Ele ainda negou promover em suas análises um ponto de vista ultrapatriótico, e traçou objetivos de expansão global, inclusive na Venezuela: "Espalhamos narrativas fundamentadas no tradicionalismo e no senso comum. Não somos ultrapatriotas russos. Reconhecemos os problemas e falamos sobre eles com honestidade — e essa postura nos garantiu mais credibilidade".

"Agora, meu foco é desenvolver cursos de mídia para determinados governos. Atuamos na África e iniciamos recentemente trabalhos na Venezuela, onde treinamos equipes de segurança em guerra informacional, além de também operarmos na Ásia", finalizou. 

O “Vozes do Novo Mundo” consolidou-se como um fórum anual que se transformou em uma aliança estratégica, com o objetivo de servir como ponto de partida para fortalecer e difundir a verdade dos povos e do Sul Global. 

Durante o encontro, outros palestrantes defenderam, por exemplo, a criação de plataformas digitais soberanas e o uso das redes sociais como ferramentas para romper o cerco midiático e enfrentar a propaganda negativa direcionada contra as nações do Sul Global.

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