Coragem, solidariedade e resistência: o relato impactante de Thiago Ávila sobre sua prisão por Israel
Militante brasileiro relata em entrevista ao Bom Dia 247 os detalhes de seu sequestro por Israel durante missão humanitária à Faixa de Gaza
247 – Em entrevista concedida ao jornalista Leonardo Attuch no programa Bom Dia 247 (assista aqui), o ativista e militante brasileiro Thiago Ávila fez um relato impressionante e comovente sobre sua participação na mais recente missão da Flotilha da Liberdade à Faixa de Gaza. Ávila, sequestrado por tropas israelenses em águas internacionais, denunciou o ataque como um crime de guerra e narrou as agressões sofridas por ele e seus companheiros de missão, entre eles a ativista Greta Thunberg.
“Nós fomos sequestrados em águas internacionais, em uma missão não violenta, de ajuda humanitária. Israel cometeu um crime de guerra ao impedir a chegada de alimentos, medicamentos e próteses para crianças amputadas em Gaza”, afirmou Thiago.
A missão e a interceptação
Thiago explicou que o grupo navegava havia oito dias, rumo a Gaza, com um pequeno barco carregado de ajuda simbólica e com o objetivo maior de romper o cerco e abrir um corredor humanitário. No entanto, a operação foi interceptada por tropas da unidade especial S13 de Israel — a mesma que assassinou 10 ativistas na missão do navio Mavi Marmara, em 2010. Segundo Ávila, o ataque foi precedido por drones, jatos de luz e a pulverização de substâncias químicas sobre os ativistas.
“Os drones jogavam elementos que até hoje não conseguimos identificar. Tínhamos um protocolo de segurança. A orientação era: proteger a vida dos ativistas e não reagir à força”, contou ele.
O grupo foi cercado por embarcações e rendido sob a mira de fuzis. Como precaução, jogaram seus celulares no mar para evitar que seus dados fossem usados contra os movimentos de solidariedade.
Sequestro, intimidação e prisão
Após a interceptação, os ativistas foram levados para o porto de Ashdod, onde o aparato militar israelense os submeteu a uma tentativa de intimidação. Israel exigia que os ativistas assinassem um documento reconhecendo que tentaram entrar ilegalmente no país. Thiago e a maioria se recusaram.
“Não íamos assumir um crime que não cometemos. Nós não queríamos entrar em Israel. Nosso destino era Gaza, território palestino sob cerco. Fomos sequestrados em águas internacionais”, declarou.
Por essa recusa, ele foi levado a uma prisão conhecida por violações de direitos humanos. Em seguida, foi isolado em uma cela solitária, sob condições degradantes, com presença de ratos, falta de luz solar, gritos e ameaças constantes.
“Me disseram que eu poderia ser levado para Gaza ou para um centro de tortura. Fui submetido a isolamento, algemado de forma a cortar a circulação. Chegaram a dizer ‘Bem-vindo a Israel’ enquanto me empurravam contra a parede.”
Durante sua detenção, Thiago iniciou uma greve de fome e sede, em solidariedade aos presos palestinos e como forma de protesto político.
Greta Thunberg, solidariedade e estratégia
O ativista explicou que a saída antecipada de Greta Thunberg e outros três membros da missão foi uma decisão estratégica do grupo.
“A Greta queria ficar. Ela disse: ‘Se minha presença aqui protege os outros, fico’. Mas decidimos que ela deveria voltar para romper o bloqueio narrativo e expor a verdade ao mundo.”
De fato, ao chegar à Europa, Thunberg declarou: “O mundo fecha os olhos para o genocídio em Gaza por racismo.”
O papel do Brasil e o pedido de ruptura
Thiago reconheceu a atuação correta do corpo diplomático brasileiro, especialmente na figura do encarregado de negócios local, mas lamentou que o governo brasileiro ainda mantenha relações com Israel.
“Tudo o que eu queria era saber, ao desembarcar, que o Brasil rompeu relações com Israel, em repúdio a esse crime de guerra. Mas isso não aconteceu, e isso partiu meu coração.”
A missão da Flotilha e os próximos passos
Apesar de não terem conseguido entregar os suprimentos, Thiago considera que a missão teve um papel fundamental na denúncia internacional do bloqueio genocida.
“Não conseguimos abrir o corredor humanitário, mas conseguimos denunciar o cerco ilegal. Ajudamos a romper o bloqueio midiático.”
Ao final da entrevista, ele confirmou que novas missões já estão sendo organizadas. “Devemos ter uma nova flotilha no meio de julho. E vamos sem medo.”
Militância inabalável
Com mais de 20 anos de dedicação às causas sociais e ambientais, Thiago Ávila garantiu que continuará na luta.
“Nós sonhamos com um mundo sem exploração, opressões e destruição da natureza. E sabemos que a repressão virá. Mas seguimos firmes, como sempre fizeram Mandela, os palestinos e tantos outros. A luta continua.”
Assista:
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