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"Cláudio Castro deveria renunciar por incompetência", diz Márcia Tiburi

Filósofa e escritora critica o governador do Rio após chacina que deixou mais de 100 mortos e o acusa de usar a violência como propaganda política

"Cláudio Castro deveria renunciar por incompetência", diz Márcia Tiburi (Foto: Reprodução\Fernando Frazão/Agência Brasil))

247 - A filósofa e escritora Márcia Tiburi afirmou que o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), “deveria renunciar por demonstração de incompetência”. A declaração foi dada durante o participação no programa Boa Noite 247 em que falou sobre a operação policial nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, que resultou em mais de 100 mortes — o maior massacre da história recente do estado.

“Estamos diante, mais uma vez, de uma grande encenação da violência, que demonstra, sobretudo, que o governador do Rio de Janeiro é um inepto, um brutamontes, um fascista”, afirmou Tiburi.

A escritora classificou Cláudio Castro como “moralmente e eticamente insustentável” e disse que ele deveria deixar o cargo por decência. Segundo ela, o governador “passou por cima da lei, da Constituição e do princípio religioso do ‘não matarás’”, ao autorizar uma operação marcada por execuções, torturas e desrespeito aos direitos humanos.

Márcia Tiburi associou a conduta de Cláudio Castro à herança política do bolsonarismo no Rio de Janeiro. Um modelo de poder sustentado por alianças com milícias e facções criminosas, o que explicaria o uso político da operação.

A filósofa também lembrou que, em 2018, concorreu ao governo do estado e perdeu para Wilson Witzel, outro político alinhado ao discurso de “guerra às favelas”. Para Tiburi, a sucessão de governadores de perfil autoritário no Rio mostra um padrão de poder dominado por “oligarcas ou capangas”.

“Esses homens que se sucedem no poder são oligarcas ou capangas. Cláudio Castro é um capanga do Bolsonaro, colocado nesse lugar para servir a interesses das milícias e da extrema-direita”, disse.


“Uma cena de poder e terror”

Para Márcia Tiburi, a operação que matou mais de 100 pessoas nas favelas cariocas teve também fins eleitorais e simbólicos, funcionando como uma “demonstração de poder” para os criminosos e para o eleitorado conservador.

“Ele quis mandar um recado para os bandidos e para a população. Disse, com suas ações: ‘O poder é meu, eu boto 2.500 homens para matar quem eu quiser’. É a necropolítica com fins eleitorais. Ele capitaliza em cima da cabeça de cada um desses mortos”, denunciou.

Tiburi afirmou ainda que o massacre reforça o racismo estrutural do Estado brasileiro, “Há um superávit racista nesse processo. Ele mata pobres e pretos, ferrados, que só o incomodam. É o lucro racista dessa política de morte”, declarou.

Tiburi defendeu que a Justiça responsabilize o governador e considerou o episódio um crime hediondo praticado por um agente do Estado.

“O Brasil deveria fazer um julgamento de Cláudio Castro. Ele é autor intelectual de um crime atroz, de uma matança de uma população inocente. Essas pessoas foram executadas num país que não tem pena de morte”, afirmou.

Ela também criticou a falta de reação institucional e cobrou um posicionamento mais firme do governo federal diante da chacina. “Espero que o presidente Lula se pronuncie, porque ele é uma figura que pode e deve fazer isso, para trazer um pouco de esperança e justiça. Não é possível que não aconteça nada em termos de providências jurídicas. O que tem que ser feito é o julgamento e a condenação de Cláudio Castro por um crime hediondo produzido por um governante”, declarou.


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