Freixo: ‘Cláudio Castro faz caixão de palanque eleitoral’
O presidente de Embratur afirmou que o governador 'não está nem aí para os policiais'. Vídeo
247 - O presidente da Embratur, Marcelo Freixo, fez um duro discurso contra o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, após a chacina que deixou 121 mortos na zona norte da capital. A ação que envolveu cerca de 2,5 mil agentes contra o Comando Vermelho (CV) ocorreu nos complexos da Penha e do Alemão.
“O Rio de Janeiro não merece um governador que trata policial como bucha, que faz caixão de palanque e não respeita nenhum morador de favela. Essa operação foi planejada por Claudio Castro, mas o objetivo nunca foi combater o crime”, escreveu Freixo na rede social X.
De acordo com o presidente da Embratur, Castro “buscou mobilizar o sentimento de medo da população para fazer palanque eleitoral, reunir governadores da direita e ganhar visibilidade em cima de uma política que só gera morte”.
“E tem mais: Claudio Castro não está nem aí para os policiais que se arriscam em operações desastrosas como essa. Você sabia que ele vetou o auxílio educação, saúde e noturno para a polícia do Rio?”.
Números
Investigadores expediram 180 mandados de busca e apreensão e 100 mandados de prisão, sendo 70 no Rio de Janeiro e 30 no Pará, contra integrantes do Comando Vermelho (CV).
Policiais prenderam 113 suspeitos, incluindo 33 de outros estados, como Amazonas, Ceará, Pará e Pernambuco. Foram apreendidas 118 armas de fogo, entre elas 91 fuzis, 26 pistolas e 1 revólver.
Facção amplia domínio
Uma pesquisa divulgada no ano passado pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF) e pelo Instituto Fogo Cruzado revelou que o Comando Vermelho foi a única facção criminosa a ampliar sua presença territorial entre 2022 e 2023 na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
De acordo com o levantamento, a expansão foi de 8,4%, fazendo com que o CV ultrapassasse as milícias e passasse a dominar 51,9% das áreas controladas por grupos criminosos na região. A facção recuperou 242 quilômetros quadrados que haviam sido perdidos para as milícias em 2021. Naquele ano, os grupos paramilitares controlavam 46,5% das áreas sob domínio do crime, enquanto o Comando Vermelho ocupava 42,9%.
Trajetória do Comando Vermelho
O Comando Vermelho surgiu no Rio de Janeiro na década de 1970 e é considerado, ao lado do Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das maiores organizações criminosas do país. Fundado inicialmente como “Falange Vermelha” por William da Silva Lima, conhecido como “professor”, o grupo nasceu com o propósito de enfrentar a tortura e os maus-tratos nos presídios. Hoje, o CV tem ramificações em mais de 20 estados brasileiros.
Entre 1981 e 1986, a facção expandiu significativamente sua rede de venda de drogas nas favelas cariocas. Um dos fatores que favoreceram essa expansão foi a decisão do governo do estado, em 1983, de suspender as operações policiais nas comunidades. Dois anos depois, o grupo controlava cerca de 70% dos pontos de venda de drogas no Rio, consolidando-se como o principal ator do tráfico local.
Em 1994, uma ruptura interna mudou o cenário do crime no estado. Ernaldo Pinto de Medeiros, conhecido como Uê, assassinou Orlando Jogador, então líder do CV no Complexo do Alemão, após divergências sobre a forma de conduzir o tráfico. O crime levou à criação da facção Amigos dos Amigos (ADA), no Morro do Adeus, deflagrando uma violenta disputa que durou até setembro de 2002.
Com a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nos morros do Rio, a guerra entre CV e ADA arrefeceu, e os antigos rivais acabaram se unindo diante da retração do comércio de drogas. Atualmente, o Complexo do Alemão e a Vila Cruzeiro são considerados os principais redutos do Comando Vermelho.
Estrutura financeira
O levantamento Rastreamento de Produtos e Enfrentamento ao Crime Organizado no Brasil estimou que, apenas em 2022, facções como o Comando Vermelho e o PCC movimentaram cerca de R$ 146,8 bilhões com a comercialização de combustíveis, ouro, cigarros e bebidas.
No mesmo período, o tráfico de cocaína foi responsável por aproximadamente R$ 15 bilhões em circulação financeira. Os dados foram publicados pelo jornal O Estado de S.Paulo. Assim como o CV, o PCC mantém presença consolidada em mais de 20 estados do país, demonstrando o alcance nacional das principais organizações criminosas brasileiras.


