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'Ameaça da Casa Branca contra o STF é uma declaração de guerra', diz Fernando Fernandes

Jurista analisa declaração da administração Trump sobre uso das Forças Armadas e alerta para operações dos EUA contra a soberania brasileira

'Ameaça da Casa Branca contra o STF é uma declaração de guerra', diz Fernando Fernandes (Foto: Reuters | ABR)

247 - O jurista Fernando Augusto Fernandes trouxe à tona uma dimensão internacional da condenação de Jair Bolsonaro por liderar a trama golpista e o papel dos EUA, governados por Donald Trump. Em entrevista à TV 247, ele classificou como "declaração de guerra" a recente ameaça emanada da Casa Branca de usar seu "poderio militar" em meio ao julgamento. A análise foi feita durante participação no Boa Noite 247.

Para o jurista, o teor da mensagem vai muito além de um mero deslize diplomático.

"Isso é uma ameaça, uma ameaça clara do império americano", afirmou Fernandes. "Não é pouca coisa isso. Apesar do descuido de uma ideia diplomática, de relações diplomáticas, isso é uma ameaça de intervenção muito grave".

O jurista contextualizou que a não consumação do golpe de 8 de janeiro teve como um de seus pilares a postura contrária do governo democrata de Joe Biden à época. "Se nós tivéssemos naquele momento de história com o Trump, poderia ser que a posição desses dois comandantes [do Exército e da Aeronáutica] fosse diferente", ponderou, referindo-se aos generais Freire Gomes e Batista Júnior, elogiados no voto do ministro Alexandre de Moraes por sua postura legalista.No entanto, Fernandes afastou a hipótese de uma invasão militar convencional ao território brasileiro. Em vez disso, seu alerta é para ações subterrâneas e desestabilizadoras. "Não acho que os Estados Unidos tenha condições internacionalmente de garantir uma intervenção no Brasil. Não seria uma catástrofe. Não acho que isso vai ocorrer. O que vai ocorrer, o que pode ocorrer e já está ocorrendo são ações da CIA no Brasil", alertou."Portanto, eu tenho dito que nós estamos olhando o ataque de frente, mas de fato eles vão nos atacar pelas costas", complementou.

O jurista enxerga, por outro lado, uma demonstração de maturidade institucional e soberana nas reações do STF à ameaça externa. Ele citou trecho do voto do ministro Flávio Dino que questiona se os ministros da Corte se importariam com medidas arbitrárias de um país estrangeiro ou se ameaças mudariam o resultado de um julgamento.

"Isso é um recado muito claro de que o julgamento vai ser realizado e que as instituições brasileiras estão nesse momento mostrando uma maturidade em relação à soberania nacional enorme. Não é pouca coisa", avaliou Fernandes.O desafio, na visão do jurista, é construir uma unidade nacional para resistir aos ataques que se avizinham. "Não vai ser um ataque de invasão militar direto, mas vão utilizar rede social, vão tentar criar caos social, vão tentar fazer de tudo para criar um caos suficiente em relação da eleição do ano que vem".Fernandes não descartou nem mesmo a hipótese de ações extremas para provocar o caos político. "A direita americana pode inclusive matar o Bolsonaro para causar um caos. Não acha que eles podem tentar só matar o Lula, o Alckmin? Causar o caos até um atentado, um homicídio contra o Bolsonaro eles podem fazer".Apesar do cenário de tensão, o jurista manteve a convicção de que o processo judicial seguirá seu curso. "Bolsonaro será julgado e preso e definitivamente eu não tenho menor dúvida disso. A não ser que ele fuja", finalizou. 

Assista na TV 247: 

 

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