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      Alfredo Attié: Malafaia se tornou o principal porta-voz dos golpistas

      Jurista afirma que atuação do pastor ultrapassa liberdade de expressão e se insere na trama contra a ordem constitucional

      (Foto: Divulgação | Reuters )
      Dafne Ashton avatar
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      247 – Em participação no programa Boa Noite 247, o jurista, filósofo e escritor Alfredo Attié afirmou que o pastor Silas Malafaia se tornou o principal porta-voz dos golpistas, ao atuar publicamente em manifestações e comícios com ataques diretos às instituições. Para ele, a atuação do líder religioso foi decisiva na sustentação política e discursiva da tentativa de ruptura institucional: “O pastor Silas Malafaia é, na verdade, o porta-voz de todas essas pessoas que tentaram promover o golpe. Em cada uma dessas manifestações, ele fez agressões gravíssimas ao Supremo Tribunal Federal e ao Estado democrático de direito”, destacou.

      O limite entre crítica política e incitação contra a ordem jurídica

      Ao concentrar sua argumentação nesse ponto, Attié sustenta que o debate não se confunde com censura a opiniões, mas com o uso do discurso como instrumento de coação institucional. “Uma coisa é liberdade de expressão; outra é utilizar a voz para manifestar força ou ameaça contra a lei”, afirmou. E reforçou o limite jurídico: “Não existe liberdade de expressão para cometer crime. Não existe”.Na avaliação do jurista, o conjunto de eventos investigados revelou uma articulação com diferentes braços de apoio, entre eles o religioso. “Trata-se do braço religioso, o braço evangélico, que foi fundamental nesse processo. Esse setor sustentou o regime, tanto por meio dos políticos que fazem parte da bancada quanto nos templos”, explicou, acrescentando que fiéis foram envolvidos “em um projeto político totalmente arbitrário, contrário à lei e até mesmo aos princípios do cristianismo”.

      Responsabilização e efeitos institucionais

      Attié defende a abertura e o avanço de investigações específicas sobre lideranças que tiveram presença ativa em atos e narrativas que atacaram a Constituição. “Considero importante que haja a iniciativa de uma investigação séria com relação a ele”, disse sobre Malafaia, ressaltando que a Polícia Federal e o Ministério Público devem atuar com celeridade e transparência.O jurista também relaciona a escalada retórica com tentativas concretas de constranger o funcionamento do Judiciário. Ao comentar o ambiente no Supremo Tribunal Federal, sustenta a necessidade de julgamentos rápidos e com votos individualizados, de forma a dar visibilidade aos fundamentos de cada ministro: “O que espero é que cada um apresente voto separado, mesmo que chegue à mesma conclusão, para que a fundamentação seja clara a toda a sociedade”.

      O papel do discurso na tentativa de ruptura

      Para Attié, a fronteira entre crítica legítima e estímulo a ações contra a ordem constitucional ficou nítida durante o ciclo de mobilizações. “Mentir e insuflar a população contra as instituições não é liberdade de expressão. Isso é o uso da força por outros meios, com a tentativa de subverter a ordem jurídica e acabar com a Constituição”, avaliou.Ao final, o jurista reforçou que a responsabilização penal e política de quem “pautou o golpe” é condição para reequilibrar o jogo democrático. Em sua avaliação, a atuação de figuras públicas com grande alcance, como Malafaia, precisa ser analisada sob o prisma dos efeitos concretos que produziram no cenário político — não apenas como opinião, mas como vetor de força voltado a intimidar e desestabilizar instituições. Assista:

       

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