TV 247 logo
      HOME > Entrevistas

      Aldo Arantes defende Lula, denuncia guerra cultural e propõe frente ampla pela soberania nacional

      Em entrevista à TV 247, ex-deputado e autor do livro Domínio das Mentes afirma que a prioridade da esquerda deve ser a luta ideológica

      12.02.2025 - Cerimônia de 1 ano da Nova Indústria Brasil e Missão 6: Soberania e Defesa nacionais (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
      Redação Brasil 247 avatar
      Conteúdo postado por:

      247 – Em entrevista concedida ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, o ex-deputado constituinte, escritor e ex-dirigente estudantil Aldo Arantes analisou o cenário político brasileiro e internacional à luz de seu mais recente livro Domínio das Mentes: do golpe militar à guerra cultural. A entrevista aborda os riscos da hegemonia ideológica da extrema direita, o papel do imperialismo liderado pelos Estados Unidos e os desafios enfrentados pelo presidente Lula no atual contexto político.

      “É fundamental que o PT e o presidente Lula assumam com prioridade a luta ideológica”, afirmou Aldo. Segundo ele, essa é a única forma de conter o avanço da extrema direita, que abandonou os golpes militares para tomar o poder por meio da guerra cultural, com uso intenso das redes sociais, fake news e o apoio de think tanks e setores religiosos conservadores.

      A ameaça de Trump e a importância da soberania

      Aldo Arantes destacou que o apoio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à extrema direita brasileira configura uma clara interferência imperialista. Para ele, esse apoio não está restrito a Jair Bolsonaro, mas se relaciona com a posição do Brasil nos BRICS, especialmente com a defesa de uma nova moeda internacional liderada por Lula. “Essa política agressiva do Trump acaba jogando o Brasil mais próximo da China e dos BRICS, o que, no fim das contas, pode ser positivo para o país”, disse.

      Ele também apontou o papel estratégico da presidente do Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS, Dilma Rousseff, na consolidação de um sistema financeiro alternativo ao dólar, e defendeu uma aproximação com países como Índia e China, que atuam com maior autonomia frente ao imperialismo norte-americano.

      A guerra cultural e o domínio das mentes

      O livro de Aldo Arantes detalha como a extrema direita transformou a guerra cultural em estratégia de poder, substituindo o uso da força por uma dominação ideológica baseada na emoção e no irracionalismo. “Hoje a luta de ideias se dá mais no campo da emoção do que da razão. A fé, o medo e o ódio são os instrumentos usados para manipular consciências”, afirmou.

      Segundo ele, o governo Lula e as forças progressistas não podem mais subestimar essa estratégia. “Nós precisamos de uma frente ideológica ampla, que una partidos, movimentos sociais e entidades como a UNE, com um programa comum de conscientização popular.”

      Aldo destacou a atuação das igrejas neopentecostais como principal vetor de penetração ideológica da extrema direita nas camadas populares. “Esses pastores neofascistas manipulam a fé das pessoas. É preciso denunciá-los, sem desrespeitar os fiéis”, explicou.

      Propostas para a disputa ideológica

      Aldo Arantes propôs a construção de uma “luta ideológica democrática”, estruturada em 14 pontos, como resposta às fake news e à manipulação emocional promovida pela direita. Ele defende o uso de fatos concretos, mas articulados com os sentimentos do povo, como indignação diante das injustiças, fome, miséria e abandono.

      Para o ex-deputado, temas como a taxação dos super-ricos, a defesa da soberania nacional, os direitos das mulheres e o combate à corrupção devem ser tratados com linguagem direta, emocional e acessível. “É assim que se fala com o povo, e não apenas com gráficos e números”, argumentou.

      Ele também criticou a atuação dispersa dos partidos e entidades progressistas e defendeu a unificação de esforços. “A direita está organizada. Nós não podemos continuar cada um por si. Se não houver articulação, podemos ter problemas sérios nas eleições de 2026.”

      Comunicação e big techs

      Sobre os desafios comunicacionais, Aldo lamentou a predominância de um sistema de mídia privado e concentrado que não atua em favor da soberania nacional. Ele defendeu o fortalecimento de meios públicos de comunicação e a regulamentação das big techs. “A força principal do capitalismo hoje está nas big techs. É preciso enfrentá-las, defender a soberania digital e criar alternativas nacionais, inclusive plataformas públicas.”

      Ele revelou que o livro aborda a forma como essas empresas acumulam poder através da mineração de dados e da manipulação algorítmica, o que representa uma ameaça direta à democracia e à autodeterminação dos povos.

      O papel da juventude e a memória da luta

      Aldo também comentou a situação da juventude brasileira. Disse que, embora o contexto atual seja mais adverso do que nos anos 1960, quando presidiu a UNE, ainda há potencial de mobilização. “A luta ideológica também precisa ser travada nas universidades e escolas, onde a extrema direita tem ganhado terreno. E isso não caiu do céu, foi financiado”, observou.

      Ele compartilhou episódios históricos vividos durante a campanha da legalidade e o golpe de 1964, alertando que, assim como antes, os setores conservadores ainda operam com forte articulação nacional e apoio internacional.

      Socialismo, China e futuro

      Por fim, Aldo reafirmou sua crença no socialismo, mas com características brasileiras. Disse que a experiência chinesa oferece ensinamentos valiosos, sobretudo pelo modo como aquele país soube unir planejamento econômico, inovação tecnológica e estabilidade social. “A China combinou o socialismo de Marx, o mercado como instrumento e o pensamento de Confúcio como base cultural. E vem construindo uma alternativa concreta à dominação imperialista.”

      Ele concluiu a entrevista lembrando que a luta ideológica não é apenas uma questão de comunicação, mas de concepção de mundo. “Sem conscientização, não há como resistir. A esquerda precisa colocar a alma em fogo, como dizia Getúlio Vargas.” Assista:

      ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].

      ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

      Rumo ao tri: Brasil 247 concorre ao Prêmio iBest 2025 e jornalistas da equipe também disputam categorias

      Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

      Cortes 247

      Relacionados

      Carregando anúncios...
      Carregando anúncios...