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Empreendedores negros, quilombolas e indígenas ganham espaço na 5ª Conapir

Feira Nacional de Expositores fortalece inclusão social e impulsiona negócios de comunidades tradicionais no Brasil

Empreendedoras na Feira de Expositores da 5ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Conapir) (Foto: Thiago Sousa/MIR)

247 - A 5ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Conapir) não se limita ao debate de políticas públicas: o evento também abre caminho para o fortalecimento do empreendedorismo de comunidades historicamente marginalizadas. Até sexta-feira (19), a Feira Nacional de Expositores, parte da programação da conferência, reúne 45 empreendedores negros, quilombolas, indígenas, ciganos e representantes de povos de terreiro selecionados por edital do Ministério da Igualdade Racial (MIR).

De acordo com a pasta, a iniciativa tem como objetivo ampliar a visibilidade cultural, econômica e social de grupos que enfrentaram exclusão estrutural no país. Para a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, a feira representa um ato de resistência: “A ancestralidade é uma herança única que os produtos desses empreendedores carregam. Oferecer esse espaço é um ato de resistência diante da exclusão social e econômica contra a qual lutamos”.

Histórias de resistência e ancestralidade

Entre os participantes está Cláudia Cristinada Silva, que viajou de São Paulo para apresentar suas bonecas e máscaras africanas produzidas em biscuit. “Meus produtos exaltam a negritude. São pensados para representar pessoas afrodescendentes, para que se reconheçam na arte”, destacou. O projeto nasceu de um pedido inesperado para confeccionar uma máscara africana e se transformou na empresa Art Abanã.

Outro exemplo é o de Leandro Silva, fundador da África Lion, que aposta no talento de artesãos e costureiras de Salvador (BA). “A África Lion iniciou os trabalhos em 2022, quando passou a atuar no mercado de couro e tecidos africanos. Essa iniciativa gerou empregos para sete famílias. Deixou de ser apenas o sonho de um empreendedor para se tornar o sonho de gerações envolvidas nesse processo”, contou.

Juventude indígena em destaque

A feira também abriu espaço para a juventude indígena. Yasmin Pires, de 19 anos, do povo Kariri Xocó, em Alagoas, apresenta sua marca Ynawana Moyra Grafismo. Ela relembra que enfrentou preconceito no mercado de trabalho por viver em uma reserva indígena e decidiu transformar a arte em sustento: “Faço pintura corporal desde pequena; pinto meu povo e também pessoas não indígenas como forma de resistência”.

Economia criativa e inclusão social

O nordestino João Silva, integrante do Coletivo Cordeliando, que divulga xilogravuras e literatura de cordel, reforçou a importância do espaço: “É de fundamental importância contar com iniciativas que impulsionam a economia criativa, para que pessoas negras, quilombolas e indígenas possam divulgar seus trabalhos”.

Já a quilombola Lidia Kalunga, do Jardim Cascata em Aparecida de Goiânia (GO), apresentou sua marca de roupas e acessórios afro. “Me emociono ao ver tanta gente valorizando o trabalho de empreendedores negros, quilombolas e indígenas neste evento”, comemorou.

Protagonismo feminino e fortalecimento comunitário

A feira também destacou o protagonismo das mulheres. Edineia Oliveira, da comitiva do Espírito Santo, observou a predominância feminina entre os estandes: “Fiquei maravilhada ao ver tantas mulheres apresentando seus produtos. A predominância feminina dá relevância e brilho a este momento de discussão e fomento de políticas públicas”.

O reconhecimento também veio de Gilvano da Silva, do Piauí, que ressaltou o impacto da iniciativa: “É fundamental apoiar os negócios de nosso povo, que historicamente têm enfrentado limitações de acesso ao mercado e às posições de destaque”.

Dímbolo de retomada histórica

Promovida pelo Ministério da Igualdade Racial, a 5ª Conapir é organizada pelo Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial e conta com a presença de cerca de duas mil pessoas. O evento simboliza uma retomada histórica da participação da sociedade civil na formulação de políticas públicas para promoção da igualdade racial, ao mesmo tempo em que impulsiona o desenvolvimento econômico de comunidades tradicionais.

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