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Renda de bilro de Aquiraz conquista Indicação Geográfica e fortalece tradição cearense

Reconhecimento do INPI valoriza o artesanato local, amplia oportunidades de mercado e preserva técnica transmitida há gerações no Ceará

Arte produzida na primeira capital cearense é a 142ª Indicação Geográfica (IG) brasileira e a 17ª de artesanato (Foto: Divulgação )

247 - A cidade de Aquiraz, primeira capital do Ceará e localizada a cerca de 30 km de Fortaleza, alcançou um marco inédito para a cultura regional. As rendas de bilro produzidas no município receberam o registro de Indicação Geográfica (IG), na espécie Indicação de Procedência (IP), tornando-se a 142ª IG brasileira e a 17ª voltada especificamente para o artesanato. A informação foi divulgada pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e repercutida pelo Sebrae, que atuou diretamente no processo de reconhecimento.

De acordo com o Sebrae, a certificação de IG é um selo de origem que assegura qualidade, características únicas e valor cultural ao produto, reforçando a ligação entre tradição e mercado. A instituição apoiou as rendeiras em etapas fundamentais, desde a capacitação até a criação de uma governança estruturada para gerir a IG. O objetivo é ampliar a geração de renda local de forma sustentável e garantir que o artesanato ganhe espaço em mercados mais competitivos.

A renda de bilro é considerada uma das expressões culturais mais importantes de Aquiraz, onde o artesanato e a pesca representam as principais fontes de sustento da comunidade. A técnica, de origem portuguesa, foi trazida ao Brasil no século XVII por mulheres lusitanas e preservada ao longo de gerações. O trabalho é feito sobre uma almofada recheada com serragem ou algodão, onde fios são entrelaçados com o auxílio de pequenos bilros de madeira, formando desenhos delicados e reconhecidos por sua beleza e autenticidade.

Maíra Fontenele Santana, analista de projetos da Unidade de Inovação do Sebrae Nacional, destacou a relevância do registro: “Hoje a gente tem mais três Indicações Geográficas de artesanatos em depósito, aguardando a análise final do INPI: o artesanato em barro de Santana do São Francisco (SE), as figuras modeladas de Taubaté (SP) em argila e o artesanato em fibra de croá de Pindoguaba (CE). Então, o artesanato deve ter mais números para os próximos anos”.

Além de proteger o território produtor, as IGs aumentam a visibilidade e o valor de mercado dos produtos. Segundo dados do Sebrae, itens certificados podem registrar valorização de até 300% em seus preços. Em agosto, a renda de bilro de Saubara, no Recôncavo Baiano, também conquistou o selo, demonstrando a força dessa tradição em diferentes regiões do país. “Existem várias regiões no Brasil de produção de renda de bilro, com características muito específicas, e a gente começa a destacar essas especificidades de cada território”, reforçou Maíra.

Debate sobre os próximos passos

No dia 22 de setembro, das 9h30 às 12h, o Sebrae e o INPI promovem um evento online para discutir propostas que possam simplificar e agilizar os processos de solicitação de registro de IG. Durante o encontro, o Sebrae Nacional apresentará ainda seu planejamento estratégico para 2026, reafirmando o compromisso com a valorização das Indicações Geográficas e o fortalecimento do desenvolvimento regional.

Conheça as histórias por trás das IGs

Como forma de ampliar a divulgação desse patrimônio, o Sebrae e o INPI lançaram um livro animado online que apresenta a história de cada uma das Indicações Geográficas brasileiras. O material interativo mostra os territórios, as especificidades de cada produto e os impactos positivos que o reconhecimento tem para as comunidades envolvidas.

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