Revolut prevê guerra acirrada com Nubank: ‘Vai ser sangrenta’
Executivos da fintech britânica apontaram que a disputa com o Nubank pelo mercado latino-americano será intensa
247 – O serviço Revolut, fintech britânica que disputa com o Nubank o posto de maior banco digital do mundo, projeta uma competição acirrada pelo domínio da América Latina. A declaração foi feita durante a inauguração da nova sede da empresa em Canary Wharf, distrito financeiro de Londres. A reportagem é do jornal Valor Econômico.
O tom mais direto veio do CEO do Revolut no México, Juan Guerra, que descreveu a disputa com o Nubank como inevitável e empolgante. “Vai ser uma batalha de titãs, vai ser sangrento, intenso e maravilhoso, e vai ser divertido de acompanhar. Milhões de pessoas vão se beneficiar. Nós nos inspiramos neles e eles se inspiram na gente também”, afirmou.
Expansão regional e próximos passos
A estratégia de crescimento do Revolut envolve não apenas o Brasil, onde já atua, mas também México, Colômbia e Argentina. No mercado argentino, a empresa se antecipou aos rivais ao adquirir a operação do Cetelem, que pertencia ao BNP Paribas. A expectativa é que a integração plena aconteça em 2026.
No Brasil, o CEO Glauber Mota explicou que, por ora, o foco da operação é distinto do modelo do Nubank. “Ainda não temos um foco tão grande em crédito, como o Nubank, mas eventualmente as coisas vão convergir e vamos competir mais diretamente”, disse. A empresa começou com transferências internacionais e, gradualmente, adiciona serviços como investimentos, além de preparar testes com cartão de crédito.
Competição com bancos tradicionais
Além da disputa com o Nubank, o Revolut também mira os grandes bancos tradicionais da Península Ibérica e da América Latina, como Santander e BBVA. “Se eu fosse eles, vendo o que o Revolut fez na Espanha, eu estaria com medo, e tentando garantir que meus clientes no México estão muito satisfeitos”, provocou Guerra.
Em metáfora ousada, o executivo comparou os players do setor a espaçonaves: os bancos tradicionais seriam como foguetes da Nasa, antigos; outras fintechs, como a Starship de Elon Musk; e o Revolut, a Millennium Falcon de Star Wars. “É outro patamar”, concluiu.
Ambições globais
O fundador Nikolai Storonsky reafirmou as metas ambiciosas da companhia: chegar a 100 milhões de clientes até 2027 e ampliar a presença para mais 30 novos mercados até 2030. Atualmente, a fintech está em mais de 40 países e possui 65 milhões de usuários.
Segundo a agência Bloomberg, o Revolut alcançou US$ 1,4 bilhão em receita no segundo trimestre de 2025. Para sustentar a expansão, a empresa anunciou um plano de investimentos de US$ 13 bilhões em cinco anos, sendo US$ 4 bilhões no Reino Unido, US$ 1,2 bilhão na França e US$ 500 milhões nos Estados Unidos.
“Nossa missão sempre foi simplificar o dinheiro para nossos clientes, e nossa visão de nos tornarmos o primeiro banco verdadeiramente global do mundo é a expressão máxima disso”, disse Storonsky.
Revolut Business e novos serviços
O braço corporativo da fintech, o Revolut Business, também avança rapidamente. O gerente da unidade, James Gibson, anunciou que a plataforma atingiu US$ 1 bilhão em receita anual. No Brasil, segundo Mota, a solução deve começar a ser oferecida em 2026. “Já estamos testando e é algo que eu adoraria apresentar ao mercado em 2026”, afirmou.