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Nvidia vai investir até US$ 100 bilhões na OpenAI e reforçar corrida global da inteligência artificial

Parceria entre a maior fabricante de chips do mundo e a criadora do ChatGPT envolve fornecimento de superprocessadores e participação acionária

Chips da Nvidia (Foto: Reuters)

247 – A Nvidia anunciou que pretende investir até US$ 100 bilhões na OpenAI, além de fornecer chips avançados para data centers da empresa responsável pelo ChatGPT. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (22) pela Reuters, que destaca o peso estratégico da aliança entre duas das companhias mais influentes na corrida global da inteligência artificial.

O acordo prevê duas etapas: a Nvidia passará a deter ações sem direito a voto na OpenAI, enquanto a startup de Sam Altman utilizará o capital recebido para adquirir superchips da fabricante norte-americana. Segundo fontes próximas à negociação, a primeira injeção será de US$ 10 bilhões, com entregas de hardware previstas para começar em 2026, na plataforma batizada de Vera Rubin.

“Tudo começa com computação”, diz Altman

O CEO da OpenAI, Sam Altman, ressaltou a centralidade do poder computacional para o avanço da IA.

 “Tudo começa com computação. A infraestrutura de computação será a base da economia do futuro, e vamos utilizar o que estamos construindo com a Nvidia para criar novas descobertas em inteligência artificial e levar esses avanços a pessoas e empresas em escala”, declarou.

As empresas assinaram uma carta de intenções para instalar pelo menos 10 gigawatts de sistemas Nvidia nos data centers da OpenAI — capacidade energética suficiente para atender mais de 8 milhões de residências nos Estados Unidos.

Impactos no mercado e no setor

O anúncio levou as ações da Nvidia a subirem até 4,4% em um único pregão, alcançando máxima histórica. Já a Oracle, parceira da OpenAI, também se beneficiou, com valorização de cerca de 6%, em meio à expectativa pelo avanço do projeto Stargate, iniciativa global de US$ 500 bilhões para erguer megacentros de dados de IA, que também envolve Microsoft e SoftBank.

Embora a notícia tenha sido bem recebida por investidores, analistas apontam riscos de um “ciclo circular”, já que parte dos recursos aportados pela Nvidia retornaria para a própria empresa na forma de compras de chips. “Isso ajuda a OpenAI a entregar metas ambiciosas de infraestrutura, mas reforça preocupações sobre dependência e concentração”, avaliou Stacy Rasgon, analista da Bernstein.

Olho das autoridades regulatórias

A dimensão do negócio pode atrair atenção das autoridades antitruste. O Departamento de Justiça e a Comissão Federal de Comércio já haviam sinalizado, em 2024, disposição para investigar os papéis de Microsoft, OpenAI e Nvidia no ecossistema de IA. No entanto, especialistas avaliam que o governo do presidente Donald Trump tem adotado uma postura mais pró-mercado e menos rigorosa em relação a barreiras concorrenciais.

O advogado antitruste Andre Barlow destacou que a aliança pode consolidar a liderança da Nvidia em chips de IA e dificultar a escalada de concorrentes como AMD ou de novos desenvolvedores de modelos de linguagem. “O acordo pode mudar os incentivos econômicos e reforçar um quase monopólio de hardware”, afirmou.

Estratégias paralelas da OpenAI

Apesar da parceria, a OpenAI mantém planos para desenvolver seus próprios chips, em cooperação com Broadcom e TSMC, como alternativa mais barata à dependência da Nvidia. A empresa também trabalha em conjunto com a Microsoft em sua reestruturação societária, em direção a um modelo com fins lucrativos.

Com a operação, a OpenAI, avaliada em cerca de US$ 500 bilhões, ganha fôlego financeiro para sustentar sua posição de liderança em um mercado cada vez mais competitivo, enquanto a Nvidia assegura a expansão de sua dominância no fornecimento de infraestrutura essencial para a era da inteligência artificial.

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