Novo modelo de crédito imobiliário deve injetar R$ 20 bilhões na economia ainda em 2025
Medida do governo Lula altera regras da poupança e busca ampliar o acesso ao financiamento habitacional
247 - O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva prepara o lançamento de um novo modelo de crédito imobiliário que utilizará recursos da poupança e poderá injetar, já neste ano, pelo menos R$ 20 bilhões na economia brasileira. O anúncio está previsto para sexta-feira (11), em cerimônia no Palácio do Planalto.
Segundo informações divulgadas pelo jornal O Globo, a medida foi desenvolvida pelo Banco Central em parceria com o Ministério das Cidades, a Fazenda e a Caixa Econômica Federal. A estratégia prevê mudanças no direcionamento dos depósitos da poupança para ampliar a oferta de crédito habitacional e estimular os bancos a financiarem imóveis com taxas de juros mais baixas.
Como funcionará o novo sistema
Na prática, os bancos que concederem crédito imobiliário terão direito a acessar, por cinco anos, o mesmo montante em recursos da poupança para utilização livre. Para manter essa permissão após o prazo, precisarão renovar a operação com a concessão de novos financiamentos.
Atualmente, 65% do saldo da poupança deve obrigatoriamente ser aplicado no crédito imobiliário, 20% permanece retido no Banco Central como depósito compulsório e 15% é de uso livre dos bancos. Com a nova sistemática, 5 pontos percentuais do compulsório poderão ser realocados, reduzindo a exigência de recolhimento para 15% entre as instituições que aderirem ao programa.
Impactos imediatos e projeções
A expectativa do governo é que, apenas na fase de testes — prevista para durar até o fim de 2026 —, a liberação de compulsórios resulte em um volume de até R$ 37,5 bilhões adicionais no mercado, a depender da adesão das instituições financeiras. A Caixa Econômica, principal agente no financiamento habitacional, deve ser uma das mais beneficiadas, já que opera atualmente no limite de seus recursos disponíveis para crédito imobiliário.
O novo modelo, entretanto, contraria parcialmente o movimento do próprio Banco Central, que tem buscado conter a expansão da economia para reduzir a inflação. A taxa Selic permanece em 15% ao ano e já é alvo de críticas por parte de integrantes do governo.
Destinação dos recursos
Do total que for liberado pelo sistema, 80% deverá obrigatoriamente ser aplicado no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que financia imóveis de até R$ 1,5 milhão e possui teto de juros de 12% mais Taxa Referencial (TR). O restante poderá ser destinado ao Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), no qual não há limites para as taxas de juros.
Previsão de expansão até 2027
O governo avalia que, em dois anos após a plena implementação da medida, a exigibilidade de aplicação dos bancos em crédito imobiliário pode praticamente dobrar: de R$ 90 bilhões para R$ 200 bilhões. Para colocar a novidade em vigor, será necessária apenas a aprovação de uma resolução do Banco Central e do Conselho Monetário Nacional (CMN), que deve se reunir de forma extraordinária nesta semana.