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      Modelo de concorrência predatória no setor de delivery da China é cada vez mais contestado

      Na China, disputa entre plataformas pressiona lucros, prejudica trabalhadores e chama atenção das autoridades reguladoras

      Entregadores de delivery na China (Foto: VCG)
      Leonardo Sobreira avatar
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      247 - No efervescente mercado digital chinês, uma outra guerra comercial preocupa as empresas. Segundo reportagem da revista The Economist, tudo começou em fevereiro, quando a JD.com, anunciou sua entrada no mercado de entregas de comida. 

      O anúncio foi recebido como uma ameaça direta à Meituan, o superaplicativo dominante no setor, e também à Alibaba, que seu próprio serviço de delivery. 

      Desde então, as três gigantes intensificaram uma disputa, que terminou por atingir em cheio os restaurantes e comerciantes chineses.  

      A ofensiva das empresas se baseou na combinação de descontos agressivos, ampliação de ofertas e prazos de entrega cada vez mais curtos. O Alibaba passou a oferecer “compras instantâneas” de eletrônicos com promessa de entregas ultrarrápidas, enquanto a Meituan respondeu com ofertas semelhantes voltadas a produtos high-tech, detalhou a agência Bloomberg em reportagem recente. 

      Em meio a essa escalada, bebidas como chá e café passaram a ser vendidas por valores simbólicos, chegando a 1 yuan—ou até gratuitamente.

      Mas, à medida que os descontos se intensificavam, comerciantes e pequenos fornecedores começaram a sofrer as consequências, com margens corroídas e aumento dos prejuízos operacionais.

      Diante do impacto negativo sobre o ecossistema comercial e os trabalhadores do setor, o governo chinês interveio firmemente. 

      As empresas se comprometeram publicamente, na última semana, a frear a concorrência desordenada. A medida veio após um comunicado emitido pela Administração Estatal de Regulação de Mercado em 18 de julho, no qual a agência exigiu das plataformas o fim de práticas promocionais abusivas e a adoção de condutas mais racionais no mercado.

      De acordo com o site China Daily, ofensiva estatal contra práticas predatórias está em consonância com diretrizes econômicas mais amplas, estabelecidas na Conferência Central de Trabalho Econômico, realizada em dezembro, que previam maior controle sobre monopólios e desorganização no ambiente digital. 

      O Relatório de Trabalho do Governo de 2025 reforçou esses princípios, defendendo a eliminação de barreiras de entrada e saída do mercado e a construção de um mercado nacional unificado.

      Além do impacto econômico, a pressão sobre os trabalhadores também virou alvo de alertas. Segundo o think tank independente ANBOUND, a situação no setor pode levar à escassez de mão de obra. 

      “O alto crescimento do negócio de entrega de comida na China provavelmente não durará, pois esse simplesmente não é um setor sustentável”, afirma o relatório. 

      Para Li Mingtao, principal analista de e-commerce do China International Electronic Commerce Center, os compromissos firmados pelas empresas representam uma tentativa “proativa” de corrigir distorções antes que se tornem insustentáveis. 

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