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Meta de 2027 é superávit, diz Haddad

‘O fiscal não vai explodir. Quem for presidente em 2027 vai herdar um país muito melhor’, garante o ministro

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fala durante reunião em Brasília-DF - 03/06/2025 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

247 - Após a aprovação no Senado da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil — uma das principais promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva —, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falou ao UOL sobre o significado político e econômico da medida. Visivelmente aliviado, Haddad comemorou o resultado e reafirmou o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal.

O ministro destacou o longo percurso da proposta, que levou um ano de elaboração no Ministério da Fazenda e mais nove meses de tramitação no Congresso Nacional. “Quem acreditaria que esse projeto seria aprovado de forma unânime nas duas Casas, na Câmara e no Senado? Ninguém. Mas está aí. A política pode muito mais do que as pessoas imaginam. A boa política”, declarou Haddad.

Isenção do IR e neutralidade fiscal

Haddad ressaltou que o principal desafio foi convencer parlamentares e especialistas de que a proposta poderia ser implementada sem ampliar o déficit público. “Ninguém acreditava que pudéssemos cumprir a promessa de campanha, dando a isenção a quem ganha até R$ 5.000, com um projeto neutro do ponto de vista fiscal. Foi uma engenharia que levou um ano para se revelar”, explicou.

Segundo o ministro, a credibilidade da proposta aumentou quando o Congresso percebeu que ela era financeiramente equilibrada. “Quando viram que, sim, era possível, compraram a ideia. O Congresso honrou o compromisso de se fazer a reforma tanto do ponto de vista do consumo como no da renda, com neutralidade fiscal, sem fazer dívida”, afirmou.

Haddad ainda enfatizou o caráter social da medida: “Quando as pessoas perceberam que a proposta não era dar com uma mão e tirar com a outra, mas cobrar de quem ganha muito e paga menos imposto, entenderam que era uma proposta de justiça social”.

Ajuste fiscal e Orçamento de 2026

Questionado sobre a agenda econômica para o próximo ano, o ministro revelou que o governo está finalizando o Orçamento de 2026 com previsão de superávit. “Nós vamos entregar a menor inflação acumulada em quatro anos, o menor desemprego da história, o melhor crescimento desde 2010, o menor índice de desigualdade desde o início da série histórica e o melhor resultado primário desde 2015”, afirmou.

Haddad atribuiu o desempenho positivo da economia à consistência das políticas implementadas: “A Bolsa vem batendo recorde e o dólar está caindo porque estão vendo que o que estamos entregando e construindo é consistente”.

“O fiscal não vai explodir”

Rebatendo críticas de que o cenário fiscal do país seria insustentável, Haddad garantiu que não há risco de colapso das contas públicas. “O fiscal não vai explodir em 2027, como não explodiu quando fizemos a PEC da Transição. Herdamos muitas dívidas da gestão anterior, regras frágeis para benefícios, como o BPC e precatórios... Já falavam que ia explodir e não explodiu”, afirmou.

Usando uma metáfora automobilística, o ministro comparou a condução da economia à de um carro em pista de corrida: “É como se as pessoas dissessem: ‘Se continuar nessa trajetória vai bater no muro’. Mas não é assim. Tem um piloto ali. Estamos numa pista de Fórmula 1, vamos fazendo as curvas, tangenciando”.

Por fim, Haddad disse acreditar que o próximo governo encontrará uma economia mais sólida e equilibrada. “Quem quer que seja o presidente em 2027 vai herdar um país muito melhor do que o que o Lula herdou. A política pode muito mais do que as pessoas imaginam... a boa política”, concluiu.

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