Haddad diz que Lula não vai abanar o rabo para Trump
Ministro da Fazenda critica submissão de Bolsonaro aos Estados Unidos e defende negociações com dignidade diante do tarifaço de Trump contra o Brasil
247 – Em entrevista à CNN Brasil nesta terça-feira (29/7), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou a postura subserviente do ex-presidente Jair Bolsonaro em relação aos Estados Unidos e afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não repetirá esse comportamento diante da nova ofensiva tarifária de Donald Trump. O atual presidente dos Estados Unidos decidiu impor uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
“Você não vai querer que o presidente Lula se comporte como o Bolsonaro se comportava, abanando o rabo e falando ‘I love you’, batendo continência”, declarou Haddad, em crítica direta à antiga política externa brasileira. Para o ministro, é preciso defender os interesses do país com respeito mútuo e soberania. “Isso não é arrogância, nós queremos respeito com o Brasil”, afirmou.
Trump, tarifas e o incômodo com o Pix
Desde o anúncio do tarifaço, autoridades brasileiras têm buscado canais de diálogo com Washington. Haddad afirmou que o governo norte-americano ainda não deixou claro quais são suas demandas. “Só é possível sentar à mesa quando se entende o que os interlocutores estão pedindo”, disse.
Ele também mencionou que há outros pontos em discussão além da carta enviada por Trump ao governo brasileiro, entre eles o incômodo da administração norte-americana com o Pix, sistema de pagamentos desenvolvido pelo Banco Central do Brasil. Segundo Haddad, a questão estaria relacionada ao fato de o Pix ser uma tecnologia estatal — algo que o governo brasileiro não pretende abrir mão.
Medidas em estudo e cautela estratégica
Haddad informou que um plano de contingência já foi entregue ao presidente Lula, elaborado em conjunto com os ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento, da Casa Civil e das Relações Exteriores. O presidente não solicitou novos estudos e recebeu bem as propostas apresentadas.
O ministro evitou detalhar quais seriam as medidas analisadas, ressaltando que o Brasil aguardará uma resposta clara de Washington antes de agir. “Foram apresentados diversos cenários e, para cada medida, uma lista de prós e contras”, explicou.
Ao ser questionado sobre retaliações, Haddad rejeitou o termo. “Não se trata de retaliação, mas de proteção dos interesses nacionais”, disse. Ele alertou para o risco de respostas precipitadas: “Nós temos que ter muito cuidado com isso. Assim como estou dizendo que Trump pode estar dando um tiro no pé, nós não podemos cometer um erro simétrico. Esse tipo de coisa, na mesma moeda, não está na ordem de considerações, porque fere o povo brasileiro”.
Impactos na inflação e na balança comercial
Segundo Haddad, a decisão de Trump pode ter efeitos negativos na economia dos próprios Estados Unidos. “São coisas que vão encarecer o custo do povo americano, vai encarecer o dia a dia do trabalhador americano e pode diminuir os custos no Brasil”, disse. Ele acrescentou que a medida penaliza exportadores brasileiros, especialmente dos setores de carnes e frutas, e que pode afetar a inflação alimentar no país.
Mesmo assim, o ministro acredita que a meta de inflação brasileira será atingida, embora com risco de elevação pontual em alimentos. Ele também expressou esperança de que a Casa Branca reverta sua posição. “Na minha opinião, o melhor que poderia acontecer é nada, é manter a relação como sempre foi”, concluiu.
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