Haddad critica "tabu" e cobra redução da taxa de juros
Ministro da Fazenda defende debate aberto sobre a taxa básica e volta a pedir redução da Selic, hoje em 15%
247 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (5) que respeita o mandato dos diretores do Banco Central, mas criticou o tratamento dado ao debate sobre os juros no Brasil, que, segundo ele, ainda é visto como um “tabu”. As declarações foram feitas a jornalistas na porta do ministério, em Brasília.
Durante a conversa, Haddad ressaltou a necessidade de discutir com naturalidade a política monetária e seus impactos sobre a economia real. “Aqui no Brasil o debate sobre a taxa de juros não é bem recebido, como se fosse um tabu conversar sobre economia”, afirmou. “Acho que o Banco Central tem o mandato dele, respeito institucionalmente os diretores, e vamos ver como as coisas acontecem.”
As declarações do ministro ocorreram no mesmo dia em que o Comitê de Política Monetária (Copom) realiza reunião para decidir se mantém ou altera a taxa básica de juros, atualmente em 15%. O anúncio oficial do Banco Central está previsto para após o fechamento dos mercados.
Na véspera, durante um evento promovido pela Bloomberg em São Paulo, Haddad voltou a defender a redução da Selic. Ele declarou que, se integrasse o colegiado do Banco Central, votaria pela queda da taxa, argumentando que o nível atual é incompatível com as projeções de inflação e prejudica a atividade econômica.
“Eu tenho alergia à inflação e sei o que ela provoca, mas há uma questão de razoabilidade”, observou. “A dose do remédio, para se transformar em veneno, tem muito pouca diferença.”


