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Governo Lula aposta em sensibilizar mercado consumidor dos EUA contra tarifaço de Trump

Estratégia mobiliza empresários brasileiros para sensibilizar consumidores e importadores americanos antes da sobretaxa entrar em vigor em agosto

O vice-presidente, Geraldo Alckmin - 14/07/2025 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
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247 - Com o objetivo de barrar a sobretaxa de 50% imposta pelo presidente Donald Trump a produtos brasileiros, o governo Lula (PT) iniciou uma ofensiva diplomática e comercial focada em sensibilizar o mercado consumidor dos Estados Unidos. A informação é da Folha de S.Paulo.

A ação é coordenada pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), que tem conduzido reuniões com representantes da indústria e do agronegócio nacional desde a última terça-feira (15). A ideia é simples: mobilizar importadores e consumidores norte-americanos para que pressionem contra a nova tarifa, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto.

"Todos vamos trabalhar juntos, e eles [empresários] vão trabalhar junto aos seus congêneres e parceiros norte-americanos, importadores, exportadores, CEOs de empresas...", afirmou Alckmin, durante os encontros. Segundo o vice-presidente, a estratégia aposta na “complementaridade econômica” entre os dois países como argumento central para convencer os EUA a recuar.

Entre os setores mais atingidos pela nova tarifa estão carne bovina, suco de laranja e café — produtos amplamente consumidos pelos americanos. O governo brasileiro sustenta que as exportações do Brasil para os EUA cresceram três vezes mais nos últimos anos do que o caminho inverso, o que indicaria um impacto relevante para o consumidor final americano.

Nesta quarta-feira (16), Alckmin tem encontro marcado com representantes da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), na tentativa de reforçar os laços comerciais e aumentar a pressão por uma revisão da medida.

Além disso, empresários do setor exportador já discutem alternativas, como o adiamento da vigência da taxa. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) sugeriu ao governo que peça a prorrogação por 90 dias.

"O mais importante [que foi definido na reunião] também é que o Brasil não pretende ser reativo intempestivamente. Nós entendemos dessa reunião que o Brasil não se precipitará em medidas de retaliações, para que elas não sejam interpretadas como simplesmente uma disputa", afirmou Ricardo Alban, presidente da CNI.

Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes, endossou a proposta: "[Nossa] sugestão é de imediato, se possível, [tentar] uma prorrogação do início dessa taxação. Existem contratos em andamento, não dá tempo até o dia 1º [de agosto] de desfazer".

Mesmo com a estratégia de negociação e diálogo, o governo brasileiro não descarta a adoção de medidas retaliatórias caso não haja avanço até a data-limite. Fontes da articulação política também afirmam que o Brasil não aceitará envolver questões jurídicas no debate, rechaçando qualquer tentativa de Trump de vincular o tema a investigações judiciais que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Nos bastidores, o governo federal busca ainda evitar que governos estaduais assumam protagonismo nas negociações. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), reuniu-se nesta terça-feira com representantes da embaixada dos EUA e executivos de empresas, acenando com possíveis tratativas diretas no âmbito estadual.

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