FUP elogia volta da Petrobras ao setor de distribuição
Federação destaca caráter estratégico da retomada da estatal no segmento de gás de cozinha e cobra retorno completo à distribuição de combustíveis
247 – A decisão da Petrobras de retomar sua atuação no setor de distribuição de combustíveis, iniciando pelo gás de cozinha (GLP), foi classificada como estratégica pela Federação Única dos Petroleiros (FUP). O anúncio foi feito após reunião do Conselho de Administração da estatal na quinta-feira (7). Segundo a presidente da companhia, Magda Chambriard, a medida visa “deixar portas abertas” para futuras oportunidades, com foco em capturar margens de venda em um mercado que tende a crescer nos próximos anos.
As declarações de Magda Chambriard foram feitas durante uma teleconferência com analistas, conforme reportado pela Folha de S. Paulo. “Estamos buscando capturar as margens dos nossos produtos. Temos produtos que terão produção crescente e, se for um bom negócio para a companhia, lucrativo e com atratividade, por que não explorar mais essa sinergia?”, afirmou.
FUP: vitória dos trabalhadores e luta histórica
A FUP celebrou a decisão como uma conquista dos trabalhadores do setor petrolífero e lembrou que a proposta foi pautada ainda na campanha eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a entidade, a retomada da distribuição era uma das bandeiras defendidas tanto durante a transição de governo como no Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o Conselhão.
“O retorno ao segmento de distribuição é fundamental para que a Petrobras volte a ter papel regulador no setor”, disse o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar. Ele ressaltou: “Agora, falta deliberar sobre a volta definitiva à distribuição e comercialização de gasolina, diesel, álcool e lubrificantes que era feita pela BR Distribuidora, e enfrentar na Justiça o contrato draconiano que foi assinado na privatização dessa que era a 5ª maior empresa do Brasil no setor de distribuição”.
Perdas de regulação e distorções nos preços
Desde a venda da BR Distribuidora (hoje Vibra) e da Liquigás, durante o governo de Jair Bolsonaro, analistas e especialistas vêm alertando para a perda de capacidade da Petrobras de regular os preços ao consumidor. Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) apontam que, mesmo com sucessivas reduções nos preços dos combustíveis nas refinarias entre janeiro de 2023 e abril de 2025, os valores não foram plenamente repassados aos consumidores.
Nesse período:
- O diesel teve queda de 23,9% nas refinarias, mas caiu apenas 2,3% ao consumidor final.
- A gasolina recuou 2,2% nas refinarias, mas subiu 25,5% nas bombas.
- O gás de cozinha caiu 17% nas refinarias, mas apenas 0,7% nos pontos de venda.
Considerando dados até 5 de agosto de 2025, o cenário permanece semelhante:
- Gasolina caiu 6,5% nas refinarias, mas subiu 21,1% ao consumidor.
- Diesel teve queda de 26,6% nas refinarias, com apenas 7,4% de recuo ao consumidor.
- GLP caiu 6,9% na origem, mas apenas 0,6% na ponta final.
Nova frente com foco no GLP
Com a limitação imposta pela cláusula de não concorrência com a Vibra, válida até 2029 para combustíveis líquidos, a Petrobras concentrará sua atuação no GLP. “Não há nenhuma discussão dentro da empresa sobre não cumprir essa cláusula”, afirmou o diretor financeiro da estatal, Fernando Melgarejo.
Magda Chambriard destacou que a expansão da produção de GLP será possível com a entrada em operação, ainda este ano, da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) do Complexo Gaslub (antigo Comperj), em Itaboraí (RJ), que processará o gás do pré-sal transportado pelo gasoduto Rota 3.
O diretor de Comercialização, Logística e Mercados da Petrobras, Cláudio Schlosser, informou que a estatal já começou a buscar grandes clientes industriais para o GLP. “A Petrobras já vem trabalhando para ser a melhor opção para o cliente, oferecendo preços competitivos e garantindo a disponibilidade do produto conforme a demanda”, declarou.
Apesar das preocupações de parte do mercado financeiro sobre eventuais investimentos em negócios menos rentáveis, a reentrada da Petrobras no setor de distribuição, ainda que de forma gradual, é vista como um passo importante para retomar a soberania energética e corrigir distorções de mercado provocadas pela privatização de ativos estratégicos.
A FUP segue pressionando por uma reversão completa das privatizações no setor de distribuição e defende o reposicionamento da Petrobras como empresa integrada, com capacidade de atuar do poço ao posto — garantindo preços justos, segurança energética e desenvolvimento nacional.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: