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      EUA ameaçam cortar metade da ajuda econômica à Colômbia por desalinhamento político

      Projeto liderado por republicano aliado de Donald Trump impõe restrições a recursos não militares e afeta diretamente programas sociais e acordos de paz

      Presidente colombiano, Gustavo Petro - 11/03/2025 (Foto: REUTERS/Luisa Gonzalez)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O Comitê de Apropriações da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou uma proposta de corte de 50% nas ajudas econômicas não militares destinadas à Colômbia. A medida, apresentada pelo legislador republicano Mario Díaz-Balart, faz parte do orçamento para segurança e política externa dos EUA em 2026 e ainda precisa ser ratificada pelo plenário do Congresso. A informação foi publicada pela agência Sputnik Brasil na última sexta-feira (25).

      O texto do projeto propõe “impor condições rigorosas ao financiamento” de países que não estejam alinhados aos valores e interesses da política externa norte-americana. A Colômbia foi incluída nesse grupo devido ao suposto “desalinhamento do governo de Gustavo Petro com os interesses dos EUA”, além do agravamento das condições de segurança interna no país sul-americano — entre elas, a tentativa de assassinato de um líder da oposição.

      A medida, segundo especialistas, representa mais do que uma decisão técnica: trata-se de uma clara mensagem política. “Isso é uma mensagem política. Como estamos entrando em um ano eleitoral, a diminuição dos recursos dá menos margem de manobra ao governo para programas sociais, que têm sido uma das principais bandeiras da administração de Gustavo Petro”, avaliou o economista colombiano Christian Méndez, em entrevista à Sputnik.

      Caso seja aprovada em definitivo, a ajuda anual dos EUA à Colômbia cairá de US$ 410 milhões (cerca de R$ 2,4 bilhões) para aproximadamente US$ 209 milhões (R$ 1,2 bilhão). O corte se restringe a programas de caráter não militar, mantendo intacta a cooperação na área de segurança, como o combate ao narcotráfico.

      Os impactos, no entanto, serão severos. Segundo Méndez, serão afetados projetos voltados ao desenvolvimento econômico e ao atendimento de populações vulneráveis, sobretudo nas áreas de saúde e educação. “Muitos desses programas contam com complementação de verbas do próprio Estado colombiano. A redução dos fundos impactará diretamente a cobertura e a qualidade das políticas públicas”, explicou.

      A especialista em cooperação internacional Paula Ruiz também foi ouvida pela Sputnik e alertou que o corte poderá desarticular organizações da sociedade civil que atuam na implementação dos acordos de paz assinados em 2016. “É um volume significativo de pessoas que, neste momento, já foi desligado dos diferentes mecanismos de cooperação”, disse Ruiz, que é acadêmica da Universidade Externado da Colômbia.

      Embora a economia colombiana não dependa estruturalmente da cooperação internacional, os Estados Unidos são o maior financiador externo do país nesse campo. Para Ruiz, o episódio revela a necessidade urgente de diversificação. “A Colômbia não deve depender apenas do financiamento, mas também buscar outro tipo de cooperação mais técnica, de intercâmbio de boas práticas, de experiências — e, sobretudo, procurar atores emergentes que possam contribuir para o fortalecimento da cooperação”, defendeu.

      Nesse sentido, a especialista destacou a importância de instituições como o Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS, do qual a Colômbia passou recentemente a fazer parte. “Trata-se de uma instituição que vem se fortalecendo e representa as transformações geopolíticas em curso”, concluiu Ruiz.

      A proposta legislativa conta com o apoio da maioria republicana no Congresso, em alinhamento com o presidente Donald Trump, que tomou posse para seu segundo mandato em janeiro de 2025. O episódio, ao restringir a margem de ação do governo colombiano, evidencia as tensões crescentes entre Bogotá e Washington e marca um novo capítulo na reconfiguração das alianças regionais no continente.

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