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Endividamento dos governos deve superar tamanho da economia mundial, diz FMI

Diretora-gerente Kristalina Georgieva afirma que crescimento do endividamento ameaça estabilidade fiscal e limita reação a crises

Diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva (Foto: REUTERS/Yves Herman)

247 - A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, alertou nesta quarta-feira (8) que a dívida pública mundial deve ultrapassar, até o fim desta década, o tamanho total da economia global. O aviso foi feito durante discurso em Washington, no qual a dirigente traçou um cenário de baixo crescimento e alta incerteza econômica internacional.

 “Deixem-me começar com uma realidade dura: segundo as projeções, a dívida pública global ultrapassará 100% do PIB mundial até 2029”, afirmou Georgieva.

De acordo com ela, o aumento do endividamento é puxado principalmente pelas economias avançadas e pelos mercados emergentes, refletindo tanto os gastos realizados durante a pandemia quanto as políticas de estímulo fiscal e de subsídios adotadas em diversos países desde então.

 “O crescimento da dívida leva a um aumento nos pagamentos de juros, pressiona o custo do empréstimo, limita outros tipos de gastos e reduz a capacidade dos governos de reagir a choques econômicos”, alertou.

Crescimento mundial segue fraco

O FMI projeta que o crescimento econômico global se manterá em torno de 3% ao ano no médio prazo — ritmo inferior ao registrado antes da crise sanitária de 2020. Para Georgieva, a desaceleração reflete o baixo investimento, o envelhecimento populacional e as tensões geopolíticas que afetam cadeias produtivas e fluxos comerciais.

A dirigente também advertiu que o nível de incerteza internacional deve permanecer elevado nos próximos anos, exigindo maior prudência fiscal e cooperação multilateral.

Tarifas dos EUA

Em seu discurso, Georgieva criticou ainda as tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos, que, segundo ela, estão prejudicando a abertura comercial global e elevando os custos de produção.

 A abertura do comércio mundial foi significativamente afetada pelas tarifas norte-americanas, e o efeito total dessas medidas ainda não foi totalmente sentido, afirmou.

De acordo com as estimativas do FMI, as tarifas podem gerar pressões inflacionárias internas nos EUA, forçando o Federal Reserve a manter juros altos por mais tempo. Ao mesmo tempo, produtos destinados originalmente ao mercado norte-americano devem ser redirecionados para outros países, o que pode provocar novos ciclos de elevação tarifária em diferentes regiões.

Contexto e impacto global

O alerta do FMI ocorre em meio a um cenário de endividamento recorde. Segundo dados recentes da própria instituição, a dívida pública mundial atingiu 93% do PIB global em 2024, equivalendo a cerca de US$ 97 trilhões. O avanço contínuo, caso confirmado, levaria o planeta a um nível de endividamento inédito na história moderna.

Economistas apontam que o desafio, especialmente para países emergentes, será equilibrar o controle fiscal com a necessidade de investimento público, em um contexto de baixo crescimento e juros elevados.

Com informaçoes da agência Sputnik

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