Empresários discutem com Alckmin expansão do comércio com a Índia
Missão oficial busca elevar intercâmbio bilateral a US$ 20 bilhões, com acordos e investimentos em setores estratégicos
247 - No segundo dia da missão oficial do governo brasileiro à Índia, empresários de diferentes setores se reuniram com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, e com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. O encontro abordou os principais desafios e oportunidades para ampliar a presença brasileira no mercado indiano.
A iniciativa integra a agenda coordenada pelo Itamaraty, com apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), e reuniu cerca de 20 companhias dos ramos de alimentos, bebidas, agronegócio, tecnologia, química, saúde, energia, moda e construção.
Comércio bilateral e metas estratégicas
Alckmin destacou que o objetivo da missão é cumprir a meta estabelecida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo primeiro-ministro indiano Narendra Modi de elevar o comércio bilateral para US$ 20 bilhões anuais. “Nosso comércio está crescendo. Este ano deve chegar a 15 bilhões de dólares e queremos chegar a 20 bilhões o mais rápido possível. A presença dos setores privados brasileiro e indiano é central para isso”, afirmou o vice-presidente.
O governo brasileiro aposta na recente promulgação de acordos bilaterais de investimentos e de combate à dupla tributação, além da ampliação do Acordo de Preferências Tarifárias entre Mercosul e Índia, para destravar barreiras comerciais e ampliar a competitividade dos produtos brasileiros.
Redução tarifária e novos acordos
Ana Repezza, diretora de negócios da Apex-Brasil, ressaltou que o mercado indiano desperta grande interesse pelo ritmo acelerado de crescimento econômico. Segundo ela, um dos principais pleitos das empresas brasileiras é a ampliação do acordo tarifário já existente. “Boa parte dos pleitos gira em torno de a gente conseguir reduções tarifárias para acesso ao mercado indiano. Isso já vem sendo tratado no escopo dessa ampliação das linhas tarifárias do acordo Mercosul-Índia, que se tornou prioridade, principalmente depois das tensões geopolíticas com os Estados Unidos”, explicou.
Repezza também destacou que algumas empresas brasileiras aguardam a conclusão de licitações na Índia e pediram apoio do governo brasileiro para garantir a efetivação desses contratos.
Inovação e adaptação ao mercado indiano
A reunião evidenciou como companhias brasileiras têm buscado desenvolver produtos adaptados às necessidades locais, em especial nas áreas de saneamento básico, construção civil, isolamento térmico, saúde e segurança alimentar.
Jean Butzke, diretor da WEG Índia, lembrou que a empresa já atua no país há mais de 15 anos com a fabricação de equipamentos industriais de grande porte. “Estamos tentando desenvolver novos produtos aqui também, entre eles nossos aerogeradores para usinas eólicas”, disse.
Novos investimentos no setor industrial
Outro destaque foi o anúncio da ANIDEC-Embraco, especializada em compressores de alta eficiência energética. A empresa investirá US$ 120 milhões na construção de uma fábrica no estado de Maharastra, com capacidade para produzir até 6 milhões de unidades por ano. “A nova planta nascerá inovadora e focada nos maiores níveis de eficiência energética do mercado. Essa fábrica tem o potencial de se tornar polo exportador regional, na Ásia principalmente, o que inclusive é um compromisso que fizemos nas conversas com o governo indiano”, afirmou a gerente de Relações Governamentais, Viviane Lima.
Ela ressaltou ainda a relevância da chamada “cadeia do frio” para setores estratégicos como o agronegócio e a saúde, principalmente no transporte e conservação de vacinas.
Conselho empresarial Brasil-Índia
Frederico Lamego, superintendente de relações internacionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), anunciou a criação do Conselho Empresarial Brasil-Índia. A primeira reunião está prevista para fevereiro, e a entidade já discute com a Apex-Brasil a possibilidade de indicar um “adido industrial” para explorar novas frentes de negócios no país asiático.


