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Em ata, Fed resiste à pressão de Trump e descarta corte imediato de juros

Ata revela que maioria dos dirigentes do banco central dos EUA prefere cautela diante das incertezas provocadas pelas tarifas impostas por Trump

O presidente do Federal Reserve dos EUA, Jerome Powell, durante uma entrevista coletiva em Washington, EUA (Foto: REUTERS/Kevin Lamarque)
Luis Mauro Filho avatar
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247 - Apenas uma minoria dos dirigentes do Federal Reserve, o Banco Central dos EUA, defendeu cortes de juros imediatos durante a reunião de 17 e 18 de junho, segundo ata divulgada nesta quarta-feira (9) e repercutida pela Bloomberg

Apesar das intensas pressões do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que chegou a exigir a renúncia de Jerome Powell, presidente do Fed, a maioria do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) manteve a posição de aguardar mais sinais claros sobre o rumo da economia.

Conforme o documento, os integrantes do banco central norte-americano seguem preocupados com a persistência da inflação, especialmente com os efeitos que podem advir das tarifas aplicadas recentemente por Trump. Embora a maioria acredite que cortes nas taxas de juros possam ser apropriados ainda neste ano, há um reconhecimento generalizado de que os impactos inflacionários devem ser, na melhor das hipóteses, “temporários ou modestos”.

Divisões internas e prudência diante da incerteza

Na reunião de junho, os dirigentes decidiram de forma unânime manter a taxa básica de juros entre 4,25% e 4,50%, patamar estabelecido em dezembro do ano passado. “De modo geral, os participantes concordaram que, com o crescimento econômico e o mercado de trabalho ainda sólidos e a política monetária atual moderada ou modestamente restritiva, o Comitê está bem posicionado para aguardar mais clareza sobre as perspectivas de inflação e atividade econômica”, diz a ata.

Apesar da sinalização de possíveis cortes ainda em 2025, o texto revela um cenário de incerteza interna: sete membros não preveem qualquer redução nos juros este ano, enquanto outros manifestaram receios sobre os efeitos persistentes da inflação. Por outro lado, há aqueles que passaram a ver riscos mais evidentes no mercado de trabalho.

Em meio às dúvidas sobre o impacto das tarifas de Trump — tanto sobre empresas quanto sobre consumidores —, prevaleceu uma orientação geral de cautela. “Os participantes concordaram… que continua sendo apropriado adotar uma abordagem cuidadosa no ajuste da política monetária”, registrou o documento.

Expectativas do mercado e falas dos diretores

Mesmo com a maioria dos dirigentes optando pela manutenção dos juros em junho, as projeções medianas apontam para dois cortes de 0,25 ponto percentual até o fim do ano. O mercado espera que a primeira redução ocorra em setembro, seguida de uma segunda em dezembro.

Dois nomes dentro do Fed, Christopher Waller e Michelle Bowman, manifestaram recentemente apoio a uma possível flexibilização já na reunião marcada para 29 e 30 de julho. No entanto, um relatório mais robusto que o previsto sobre o mercado de trabalho reduziu drasticamente as expectativas dos investidores quanto a um corte iminente, praticamente anulando essa possibilidade no curto prazo.

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