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Desemprego nos EUA sobe para 4,3%, maior patamar desde 2021

Dados de emprego e desemprego em agosto reforçam pressão sobre o Federal Reserve por corte de juros

Desemprego nos EUA sobe para 4,3%, maior patamar desde 2021 (Foto: REUTERS/Andrew Kelly)

247 - O mercado de trabalho dos Estados Unidos registrou em agosto uma forte desaceleração, com criação de apenas 22 mil vagas, enquanto a taxa de desemprego subiu para 4,3%, o maior patamar desde 2021. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (5) pelo Bureau of Labor Statistics (BLS) e destacados pela Bloomberg.

Segundo o relatório, revisões recentes mostraram que o mercado perdeu força nos últimos meses: em junho, houve a primeira queda líquida de empregos desde 2020. A média de contratações no trimestre ficou em apenas 29 mil novos postos, marcando a sequência mais fraca de crescimento desde a pandemia.

Perspectiva para o Federal Reserve

A fraqueza dos indicadores reforçou as apostas de investidores de que o Federal Reserve reduzirá a taxa de juros em sua próxima reunião, marcada para os dias 16 e 17 de setembro. O presidente da instituição, Jerome Powell, já havia sinalizado essa possibilidade em agosto, durante o simpósio anual de Jackson Hole.

Na abertura dos mercados, o S&P 500 registrou alta e os títulos do Tesouro americano também reagiram positivamente à expectativa de corte dos juros.

Setores em retração e sinais de recessão

Diversos segmentos apresentaram cortes de vagas no último mês, entre eles tecnologia da informação, serviços financeiros, manufatura, governo federal e serviços empresariais. Os únicos setores que conseguiram sustentar crescimento foram saúde, lazer e hospitalidade.

Para Heather Long, economista-chefe do Navy Federal Credit Union, o quadro é preocupante:

“O mercado de trabalho está passando de congelado para em frangalhos. Trata-se de uma recessão tanto para empregos de colarinho branco quanto para os de colarinho azul”, afirmou.

Trump troca comando do BLS após revisões negativas

As revisões nos dados também tiveram repercussão política. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, demitiu a comissária do BLS após acusá-la, sem apresentar provas, de manipular os números por motivações políticas. Em seu lugar, indicou EJ Antoni, economista da Heritage Foundation, que ainda precisará da aprovação do Senado para assumir o cargo.

Indicadores detalhados

  • Criação de empregos: +22 mil (previsão era de +75 mil)
  • Taxa de desemprego: 4,3% (alta em relação ao mês anterior)
  • Salário médio por hora: crescimento mensal de 0,3% e alta anual de 3,7%

O aumento no desemprego foi influenciado por mais pessoas voltando ao mercado de trabalho, mas também pelo crescimento no número de americanos que perderam o emprego de forma definitiva. O contingente de trabalhadores desempregados por mais de 27 semanas chegou ao nível mais alto em quase quatro anos.

Impacto social e desigualdade

A taxa de participação da força de trabalho subiu para 62,3%, e entre trabalhadores de 25 a 54 anos atingiu o maior nível em quase um ano. No entanto, alguns grupos foram mais atingidos: o desemprego entre trabalhadores negros e hispânicos, além daqueles sem diploma do ensino médio, alcançou os maiores índices em quatro anos.

Cortes em empresas e sinal de fragilidade

De acordo com a consultoria Challenger, Gray & Christmas, o número de anúncios de demissões em agosto foi o maior para o mês desde 2020. A ConocoPhillips, maior produtora independente de petróleo dos EUA, anunciou que pretende cortar até um quarto de sua força de trabalho global.

Outros indicadores, como os levantados pelo ADP Research, Revelio Labs e o Instituto de Gestão de Suprimentos (ISM), confirmam que o emprego nos setores de manufatura e serviços vem encolhendo.

O cenário reforça as preocupações sobre a resiliência da economia americana, ampliando a pressão sobre o Federal Reserve para agir de forma mais agressiva diante da fragilidade do mercado de trabalho.

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