Confiança do consumidor nos EUA cai em meio ao tarifaço de Trump
Expectativas de inflação aumentam
247 - A confiança dos consumidores norte-americanos recuou em setembro para o nível mais baixo desde maio, refletindo maior apreensão com o mercado de trabalho e a alta persistente dos preços. Os dados são da pesquisa mensal da Universidade de Michigan, divulgados pela Bloomberg nesta sexta-feira (12).
O índice preliminar de sentimento do consumidor caiu de 58,2 pontos em agosto para 55,4 neste mês, abaixo das estimativas da maioria dos economistas consultados pela agência. Além disso, as expectativas de inflação de longo prazo subiram pelo segundo mês consecutivo, intensificando a preocupação dos lares norte-americanos com seus orçamentos.
Inflação e emprego pesam no humor dos consumidores
Segundo o levantamento, os consumidores projetam que os preços avancem a uma taxa anual de 4,8% no próximo ano, patamar estável em relação ao mês anterior. Já para o horizonte de cinco a dez anos, a expectativa subiu de 3,5% para 3,9%.
Joanne Hsu, diretora da pesquisa, destacou que a percepção de insegurança no mercado de trabalho segue em alta. “A expectativa de perda pessoal de emprego cresceu de forma acentuada neste ano e voltou a subir em setembro, sugerindo que os consumidores estão de fato preocupados em serem afetados por desenvolvimentos negativos no mercado de trabalho”, afirmou.
Ela acrescentou que o peso dos preços elevados segue como fator central de desconforto: “Os consumidores também se sentem pressionados pela persistência de preços altos”.
Mercado desaquecido e pressões tarifárias
Os números refletem um cenário econômico marcado por desaceleração da criação de vagas e inflação resistente. Em agosto, os Estados Unidos registraram apenas 22 mil novos postos de trabalho, enquanto os preços ao consumidor subiram no ritmo mais forte desde o início do ano. Gastos básicos das famílias, como alimentação e combustíveis, também tiveram alta expressiva.
As preocupações com tarifas comerciais foram citadas espontaneamente por cerca de 60% dos entrevistados, reforçando o peso desse fator no pessimismo atual.
Para a economista Eliza Winger, da Bloomberg Economics, “a maioria dos consumidores prevê aumento da taxa de desemprego e deterioração das finanças pessoais. Isso significa que as empresas devem seguir cautelosas em repassar os custos tarifários ao consumidor”.